São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994
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'PC' de Craxi se entrega na Itália

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia italiana prendeu ontem Mauro Giallombardo, suspeito de ser o principal arrecadador de propinas para o ex-premiê socialista Bettino Craxi. Giallombardo, 45, se entregou em Ventimiglia, cidade na fronteira entre a Itália e a França, ao juiz Antonio di Prieto, símbolo da Operação Mãos Limpas.
Procurado pela polícia italiana há um ano sob a acusação de extorsão e violação da lei de financiamento de partidos, Giallombardo é considerado pela Justiça o personagem central do escândalo "Tangentopoli" (cidade da propina). Empresários disseram durante julgamento de um caso de corrupção em Milão que Giallombardo os pressionou para que contribuíssem para o Partido Socialista até 1992, quando o escândalo arruinou a imagem do ex-premiê Craxi (1983-87).
Juízes disseram que pagamentos de propinas feitos pelo grupo Ferruzzi passaram por contas em Luxemburgo, país em que estava baseado Giallombardo. Empregado do Parlamento Europeu, ele tinha ligações com a bancada socialista. Mas seu principal negócio era a manutenção de fundos de investimentos em Luxembrugo, suspeitos de serem reservas do Partido Socialista de Craxi.
O julgamento de Milão envolveu o caso Enimont, uma joint venture entre a estatal de energia ENI e o grupo Ferruzzi. Juízes dizem que Ferruzzi pagou US$ 80 milhões em subornos para deixar o negócio, que faliu em 1990. Craxi negou participação no caso. Admitiu que o PS recebeu contribuições ilegais, mas disse que elas foram espontâneas.
Mas um ex-executivo da Ferruzzi contou esta semana à Justiça como, seguindo instruções de Giallombardo, havia transferido US$ 294 mil para uma conta em Luxemburgo, em troca do apoio do governo para conseguir um contrato para exploração de cimento na antiga Iugoslávia.
A conta estava em nome da mulher de Sergio Cusani, um ex-consultor do Ferruzzi acusado de ser o cerébro financeiro por trás do caso Enimont e principal réu no julgamento em Milão.
Mais de cem pessoas foram presas ontem em duas operações contra o crime organizado na Itália. Em Milão (norte) foram presas 85 pessoas, acusadas de pertencerem à Cosa Nostra (Máfia siciliana). Em Nápoles, a polícia prendeu 30 pessoas suspeitas de pertencerem à Camorra.

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