São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Fotógrafa enviou coroa fúnebre

MAURÍCIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

A fotógrafa Vânia Toledo jamais enviaria um presentinho envenenado através da empresa Doces Vinganças. Ela acha que a revanche é uma coisa "muito pessoal, intransferível". Por isso, Vânia enviou por conta própria, para um ex-namorado, uma coroa de flores de defunto, com o seu nome em tarja roxa.
"Encomendei perto do cemitério uma coroa esplêndida, de chefe de Estado. Não sei o que ele achou. Ele morreu para mim", conta a fotógrafa.
A dona-de-casa Carla Abramovich, 23, acaba de recorrer ao serviço da Doces Vinganças. Ela mandou um caixão em miniatura para uma prima, com quem havia brigado, acompanhado do seguinte cartão: "Enterre a nossa discussão". Carla ainda não sabe se o presente deu certo. Ela também já pensou em enviar um par de meias sujas para o marido. "Ele é muito bagunceiro", diz.
Kiki Sudário, criadora da Doces Vinganças, conta que o peixe morto foi idealizado para servir de "presente" a "homens decepcionantes", mas também se presta a adaptações. "Uma cliente me contou que enviou para um gerente de banco muito chato".
A própria Kiki, que participou da montagem do musical "Oh! Calcutá", diz que gostaria de enviar peixes mortos e rosas murchas para alguns produtores de teatro que conheceu. "Tenho uma lista enorme", diz a atriz-empresária. O cartão que acompanharia as suas flores diz: "Por tudo o que você fez por mim, os meus mais sinceros agradecimentos".
As mulheres, segundo Kiki Sudário (nome artístico de Cleide Kihlstrom), formam a sua clientela preferencial. "Elas são mais vingativas que os homens.".
Mas nem todas as mulheres se deixam seduzir pela idéia de mandar doces vinganças a ex-amados. A apresentadora de TV Elke Maravilha, por exemplo, diz que "nunca" sentiu vontade de mandar peixes mortos para alguém. "Coitado do peixe", diz ela. Quando magoada ou traída por alguém, Elke adota outra atitude: "Acendo uma vela para mandar luz para a pessoa. E um beijinho." (MSy)

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