São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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O QUE LER

"As Histórias", de Heródoto - Um grego do século 5 a.C., com sua narrativa da guerra entre seus compatriotas e os persas, passou a ser considerado o "pai da história". Suas observações sobre a vida e os costumes dos "bárbaros" qualificam-no mais como pai da etnografia.

"The Vinland Sagas; The Norse Discovery of America" (Penguin Classics, há uma edição brasileira pela Paulicéia) - Mil anos atrás, navegantes islandeses chegaram à Groenlândia e depois às costas do Canadá. As duas sagas (narrativas tradicionais islandesas) desse volume contam como Érik, o Vermelho e seu filho, Leif, o Venturoso, realizaram a proeza. Uma história moderna a ser lida é "The Norse Atlantic Saga" de Gwyn Jones (Oxford University Press).

"As Viagens de Marco Pólo" (várias traduções, há uma edição do Círculo do Livro) - Um dos livros mais famosos de todos os tempos foi escrito, ou melhor, ditado –provavelmente num cárcere genovês– pelo mercador veneziano Marco Pólo (1254-1324). Durante a "pax mongólica", ou seja, a época em que a conquista, inicialmente sob a liderança de Gêngis Khan, da maior parte da Eurásia, pelos mongóis, estabeleceu uma espécie de império continental das estepes russas à China, Marco (com seus parentes) passou anos na rota que ligava as duas extremidades desse império.

"As Viagens de Sir John de Mandeville" (Penguin Classics) - Escrita em meados do século 14, em francês, essa narrativa de viagens pelo Oriente, da Turquia à China, é provavelmente uma colagem ficcional de muitas outras obras. Imensamente popular no final da Idade Média, ela revela, porém, como é que os europeus imaginavam o "mundo exterior" antes que a época das explorações começasse a render relatos mais fidedignos.

"Através do Islã", de Ibn Battuta (espanhol, Alianza Editorial) - Oriundo de Tânger, na Africa do Norte, esse árabe viajou durante décadas por toda a extensão do cosmopolita mundo islâmico do século 14. Convém ler seu relato junto com "The Adventures of Ibn Battuta" do historiador americano Ross E. Dunn (University of California Press), que explica seus pontos difíceis, fornece mapas e acrescenta outras informações.

"A Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto (2 vols. Publicações Europa-América. Portugal) - Em 1537, época em que o império marítimo português já estava estabelecido, Mendes Pinto (c.1514-1583), saiu de Portugal rumo às Indias e passou os 16 anos seguintes sobretudo na Indochina, na India e no Japão.

"Os Lusíadas", de Luís de Camões (várias edições) - Dispensa apresentação. Maior monumento literário da língua portuguesa e única entre as grandes epopéias a narrar uma viagem que efetivamente aconteceu. O autor (c.1524-1580), além do mais, conhecia de primeira mão todo o percurso.

"História Verdadeira da Conquista da Nova Espanha", de Bernal Díaz del Castillo (em espanhol, Alianza Universidad) - Morto em 1584, aos 89 anos, o autor, testemunha ocular e participante da conquista do México, relata como Hernán Cortez chegou lá e derrotou os aztecas.

"Diário de Viagem", de Michel de Montaigne (em francês) - Em 1580, o filósofo Montaigne (1533-92), que viria a escrever os "Ensaios", partiu, numa jornada de dezessete meses, em direção a Roma, através da Austria e da Suíça, para tratar da saúde.

"Oku no hosomichi", de Matsuo Bashô (versão inglesa de Nobuyuki Yuasa, "Narrow Road to the Deep North", Penguim Classics; francesa de René Sieffert, "Journaux de Voyage", POF; espanhola de Octávio Paz, "Sendas de Oku", Seix Barral) - O título é intraduzível e refere-se tanto a um lugar no remoto norte do Japão quanto a uma condição espiritual. Em 1689, Bashô (1644-1694), vendeu sua cabana e passou dois anos viajando a pé por lugares distante, voltando depois a Edo. O resultado é esse seu diário de viagem onde prosa e poesia (haicais) se intercalam.

"Viagem à Itália", de Johann Wolfgang von Goethe (em alemão, com traduções para o inglês, francês etc.) - Para um poeta alemão como Goethe (1749-1832), a Itália não era apenas um lugar a mais, mas um mundo mais vital, diferente da frigidez de seu próprio norte. Sua viagem ao sul, começada em 1786, tornou-se, portanto, um ponto de inflexão em sua vida, dando-lhe força para continuar sua carreira.

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