São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chapa 2 dos bancários acusa desvio de verba

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

"A Chapa 1, da situação, está desviando dinheiro do Sindicato dos Bancários de São Paulo para financiar sua campanha." A acusação foi feita ontem, primeiro dia de eleições na entidade, por Manuel Elídio Rosa, o Mané Gabeira, presidente da Chapa 2.
Ele não tem provas, mas diz que não entende de onde estão saindo tantos recursos para a campanha "milionária" que a Chapa 1 (Articulação Sindical, PSDB e PC do B) está realizando. As duas chapa são da CUT.
"A Chapa 1 está distribuindo agenda, calendário, tem milhões de cartazes, adesivos e trouxe um monte de gente de outros Estados para fazer campanha para eles. O Gilmar Carneiro (atual presidente do sindicato e apoiador da Chapa 1) tem de explicar da onde vem tanto dinheiro." Ricardo Berzoini, presidente da Chapa 1, diz que vai gastar US$ 80 mil com a campanha. "Calculamos em US$ 500 mil os gastos deles. Nós, da Chapa 2, só temos US$ 10 mil para gastar", diz Mané.
Gilmar e Berzoini negam o desvio de recursos. "Sindicatos de outros Estados e cidades estão apoiando a nossa chapa, inclusive financeiramente", afirma Berzoini. Os US$ 500 mil, segundo ele, são a verba que o sindicato reservou no orçamento deste ano para pagar os gastos de campanha (táxis, mesários, cédulas etc.).
Gilmar diz que já entrou com processos na Justiça contra a Chapa 2. "É irresponsável e anti-ético neste momento político, ainda mais após os acontecimentos no ABC, fazer esse tipo de acusação contra companheiros da CUT", diz Gilmar. "Vamos preparar um dossiê dessas acusação e levar à direção da CUT. Eles terão de provar e se explicar."
Mané não pára por aí. Diz que sua chapa é contra os "jetons" que os diretores do sindicato hoje recebem, a contribuição confederativa e imposto sindical. "Eles dizem que são contra o imposto sindical porque a CUT tem essa posição. Mas se recursaram a devolver o imposto aos bancários em 93", afirma Mané.
"Não existe jeton nenhum, mais sim ajuda de custo", responde Berzoini. Além do salário dos bancos onde trabalham, os diretores da entidade recebem 3/4 do piso da categoria por mês, de US$ 120 mil em janeiro. "O Mané foi diretor do sindicato, recebia essa ajuda de custo, e nunca reclamou", diz Berzoini.
Berzoini reconhece que foi contra a devolução do imposto sindical em 93. "Acho demagogia devolver esse imposto depois que ele já foi retirado dos salários e ficou rendendo nos bancos. Mas defendo sua extinção", diz ele.
Quanto à contribuição confederativa, Berzoini afirma que a Chapa 2 se diz contra só da boca para fora. "Nos sindicatos onde a CS e DS (duas das correntes que compõem a Chapa 2) dirigem, como Bauru e Porto Alegre, eles cobram essa contribuição", afirmou. Também participam da Chapa 2 as corrente "O Trabalho", Hora da Verdade (da qual Mané faz parte) e o PPS.
As eleições terminam dia 21.

Texto Anterior: Posse no ABC causa conflito
Próximo Texto: Viajar no tempo ainda é uma possibilidade
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.