São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
EUA inventam o terror bem-humorado
BERNARDO CARVALHO
A Organização para a Libertação da Barbie é tributária desse mundo político alucinado baseado na idéia de que representação e realidade devem ser tratadas da mesma forma, são na prática a mesma coisa e produzem os mesmos efeitos. A vantagem de uma iniciativa como a da OLB é que eles pelo menos têm humor. Muito humor. Nada mais humorado do que, sob o pretexto de uma causa anti-violência e anti-sexista, fazer uma Barbie gritar: "Ataque! A vingança é minha!", com voz de homem, e um G.I. Joe (símbolo infantil da masculinidade americana) dizer, enquanto empunha uma metralhadora e uma granada: "Vamos planejar o casamento dos nossos sonhos". Mas a OLB não chega a ser um fenômeno extraordinário ou particularmente notável num mundo onde, pelo desenvolvimento tecnológico, o terrorismo passa a ter um caráter bem mais imaterial e sub-reptício, podendo atingir todo um sistema de computadores com a inoculação de um simples "vírus". "Li sobre a OLB nos jornais. Mas isso não me diz respeito. É uma peripécia diante de coisas muito mais graves", diz Paul Virilio, um dos principais teóricos das políticas contemporâneas numa sociedade hipermediatizada. "Não que não tenha sua importância, mas para mim há muitos assuntos e é preciso saber selecionar." (BeC) Texto Anterior: Novo terrorismo altera 'voz' de Barbie Próximo Texto: Baião-de-dois; Chá e simpatia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |