São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 1994
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Acusados pressionam membros da comissão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A pressão de parlamentares envolvidos em irregularidades na distribuição de recursos públicos sobre os integrantes da CPI do Orçamento aumentou nos últimos dias. Pelo menos dez dos citados durante os trabalhos perambulavam ontem pelos corredores do Senado para entregar documentos ou apenas em busca de informações sobre sua situação.
A deputada Raquel Cândido (PTB-RO), mesmo hospitalizada, telefonou várias vezes ao presidente da CPI, senador Jarbas Passarinho (PPR-PA). "Cada vez que um jornal publica a lista de possíveis cassados aumenta a romaria", disse Passarinho. O corpo-a-corpo mais desesperado, segundo o próprio presidente da CPI, foi do deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE). Na terça-feira, após pedir o apoio de alguns integrantes da CPI, foi pego de surpresa por uma equipe de TV inglesa e não escondeu a irritação.
O deputado Uldurico Pinto (PSD-BA), de mãos dadas com sua mulher e chefe de Gabinete, Dionê Pinto, circulava entre os integrantes da CPI e no Prodasen à procura de informações. O deputado José Geraldo (PMDB-MG), um dos casos mais complicados, foi ao gabinete do colega Roberto Rollemberg (PMDB-SP) para saber o que a Subcomissão de Subvenções Sociais havia decidido sobre ele. "É claro que eu não falei", disse Rollemberg.
O relator da Subcomissão de Patrimônio, senador José Paulo Bisol (PSB-RS), não conseguiu dormir na noite da terça para quarta-feira, porque o telefone de sua casa não parava de tocar. Durante toda a madrugada, parlamentares envolvidos no escândalo tentaram, em vão, falar com ele. "Não atendi ninguém, porque não falo com as partes antes de julgar", disse. Bisol (PSB-RS) disse que toda vez que entra no Congresso começa "a correr risco de vida".

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