São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 1994
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Tapeação enfraquece 'Morte'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

MORTE POR ENCOMENDA. Bandeirantes, 21h45.
EUA, 1994, 94 min. Direção: John Dahl.
Um antigo diretor recomendava aos novatos aprender a filmar montanhas. Era o mais difícil. Depois que conseguisse, o novato seria capaz de filmar tudo o mais. Em "Morte por Encomenda" não há montanha; as primeiras cenas passam-se no deserto.
São imagens promissoras, essas. Nicolas Cage aparece em seu carro, como o rapaz que vai em busca de emprego. Logo que sai do deserto (sem emprego) e chega a uma cidadezinha do Texas, o bom rapaz é confundido com um matador profissional e acaba se envolvendo em uma trama estilo noir, onde todo mundo quer acabar com todo mundo por conta de uma pequena fortuna.
Termina aí a parte do deserto. Começa-se a pensar, então, à vista do que vem depois, que o deserto deve ser o inverso da montanha: qualquer um filma bem.
Desde que Cage chega à cidade, a trama se enfraquece tragicamente. Em parte, por falta de originalidade e rigor no roteiro. Em parte porque John Dahl vai ao fundão dos EUA apenas para encontrar um bando de engomadinhos com tendências homicidas.
O supra-sumo dessa tendência é a garota da história, Lara Flynn Boyle, que passa o tempo todo se comportando como modelo de filme publicitário, o que absolutamente não faz sentido. Falseiam-se os personagens e buscam-se efeitos, mas não algum tipo de verdade.
Entende-se, então, a foto distribuída à imprensa, em que os personagens aparecem distorcidos anamorficamente: a arte de "Morte por Encomenda" é, na forma e no fundo, a da tapeação. Apesar desses defeitos, é o filme com algo a mostrar nessa quinta-feira negra. (Inácio Araujo)

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