São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 1994 |
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Mil Milhas transformam Interlagos em um shopping
MORAES EGGERS
Os boxes do autódromo de Interlagos atacam de shopping rápido, imitando imensas vitrines de revendas de carros importados. Últimos modelos de última geração posam como objeto de desejo para a torcida brasileira. A lista vai do Nissan japonês, Opel Ômega alemão, Porsche, BMW, o coreano Hyundai, o francês Peugeot, o inglês Lotus, Ford Cosworth, passando pelos protótipos Aurora, Aldee, Lola Avalone, Daipi, pelos Ford Mustang, Chevrolet Camaro até chegar aos Apollo, Escort, Gol, Opala, Voyage, Fiat Uno e Passat, que têm projeto da década de 70 e já deixaram de ser fabricados. A contradição continua na conquista da pole-position, que seria definida ontem à noite (a última sessão classificatória estava marcada para terminar às 22h45). A liderança do grid, especificamente no caso das Mil Milhas, deixa de ser vantagem para os pilotos na prova para ter mais o efeito do charme e da conquista de espaço nos jornais e na mídia eletrônica. Mesmo a velocidade, palavra de ordem de todos os competidores no automobilismo, é substituída pela regularidade. O que vale na corrida, de mais de doze horas de duração e 372 voltas pelos 4.325 metros do circuito de Interlagos, é a estratégia e a resistência de carros e pilotos. /intRegulamento Mil Milhas é uma competição extra-campeonatos, organizada pelo Centauro Motor Clube, de São Paulo, desde 56. É aberta a todos os pilotos. Com isso, o público ganha com a presença de nomes como Nélson Piquet, Raul Boesel, Christian Fittipaldi, Rubens Barrichello, Ingo Hoffmann, Maurizio Sala, Fábio Sotto Mayor, Paulo Gomes, Toninho da Matta, Andreas Matheis, André Ribeiro, Paulo Júdice e Walter Travaglini Filho, entre outros do automobilismo nacional. Mas a prova tem também a tradição de reunir pilotos de ocasião, que ganham a vida durante o resto do ano como banqueiros, empresários ou profissionais liberais, como André Lara Resende, ex-negociador da dívida externa e sócio do Banco Matrix, e Antonio Hermann de Azevedo, vencedor da prova no ano passado, presidente da Associação Brasileira de Bancos Comerciais e Múltiplos e vice-presidente do Banco Itamaraty. Ambos correm na equipe alemã Konrad Motosport com um Porsche RSR 3.8. O campeão mundial de Marcas de 87, Raul Boesel, corre pela segunda vez. Na primeira, em 89, pilotava um Mercedes-Benz 190 E na liderança da corrida quando queimou a junta do cabeçote do motor. Para ele, o principal segredo diante de tantos carros e de pilotos de diversas formações e origens é ter uma concentração extra. "É uma corrida de constância. Deve-se fazer a sua corrida, sem se importar com os outros", afirmou. Texto Anterior: Golden State quebram tabu de 11 anos em Atlanta Próximo Texto: Meia repete as críticas Índice |
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