São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Zezé sofre 'massacre político', diz advogado

DA FOLHA ABCD

O advogado David Marques Muniz Rechulski, que defende José Benedito de Souza, o Zezé, que matou o sindicalista Oswaldo Cruz Júnior no último dia 6, afirmou ontem que o acusado ainda não se entregou por não confiar na atuação da polícia. "Quero garantia de postura profissional do outro lado", declarou ele ontem, em entrevista coletiva concedida ontem em seu escritório. Ele disse que Zezé está sofrendo um "massacre político"
Segundo Rechulski, o delegado Nélson Guimarães, que preside o inquérito, está "prejulgando" ao afirmar que houve "premeditação" e "execução". O advogado voltou a afirmar que Zezé agiu em legítima defesa. "O inquérito é político. O crime não. A chuva de testemunhas mostra a utilização que etão querendo dar ao inquérito. é uma coisa montada."
O delegado Guimarães foi procurado ontem na Divisão de Homicídios em São Paulo, mas não foi encontrado. Segundo o delegado Mário Jordão, assistente de Guimarães, ele estava em Santo André. O delegado-seccional de Santo André, Fernão de Oliveira, disse não ter sido comunicado de sua presença.
O representante de Zezé negou ainda que tenha sido contratado pela CUT, embora o contato com a imprensa para a apresentação de Zezé tenha sido feito por Cid Marcondes, assessor de imprensa da central. Em entrevista concedida ontem pelo telefone, Marcondes disse ter feito o contato porque era amigo de um advogado conhecido de Rechulski. "Estava lá porque tinha interesse jornalístico e porque a CUT está sendo envolvida no caso."
Rechulski disse não saber que o contato com a imprensa seria Marcondes e afirmou desconhecer o fato de o jornalista trabalhar para a CUT. "Foi uma coincidência." O advogado afirmou ter sido contatado por um membro da família de Zezé, que o conhecia há algum tempo. O nome do parente não foi divulgado.
Mandado de segurança
A Promotoria de Justiça Criminal de Santo André vai impetrar, na segunda ou quarta-feira, um mandado de segurança junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo para tentar conseguir uma liminar determinando que o inquérito policial sobre a morte do sindicalista Oswaldo Cruz Júnior seja transferido para Santo André.
A decisão foi tomada ontem à tarde, segundo o promotor José Luiz Saikali, após o juiz Rodrigo Capez indeferir o pedido de transferência feito pela Promotoria no último dia 11. Em seu despacho, Capez afirmou que o inquérito policial está se realizando dentro do prazo legal e alegou que a condução do caso, a cargo do delegado Nélson Guimarães, estava ocorrendo com normalidade. "A decisão do juiz desagradou a promotoria", afirmou a promotora Mariza Schiavo Tucunduva.
Mesmo que a promotoria consiga a transferência do caso, Guimarães continua à frente do inquérito, segundo Saikali. "No início das investigações, ele (Guimarães) não estava agindo com imparcialidade. Agora, eu entendo que ele está se atendo apenas à apuração do crime. Por enquanto, há há problemas de ele continuar conduzindo o inquérito, a não ser que a Secretaria de Segurança Pública determine outro delegado", declarou Saikali.

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