São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Demolição na Faria Lima começa até março

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores de Pinheiros (zona oeste) prometem uma resposta radical contra a desapropriação de 120 imóveis decretada anteontem pelo prefeito Paulo Maluf. "Agora acho que vale deitar na frente dos tratores ou até talvez fazer barricadas nas ruas para impedir as demolições. Vai valer tudo que estiver dentro da lei", disse o arquiteto Siegbert Zanettini, do movimento Vila Olímpia Viva. Julio Neves, autor do novo projeto viário que corta a Vila Olímpia e Pinheiros, acredita que até março as primeiras casas poderão ser demolidas.
Ao todo, a prefeitura declarou de utilidade pública 19.064,34 metros quadrados. Essas desapropriações estão autorizadas pela lei 7.104 desde o dia 3 de janeiro de 1968, quando foi previsto o alargamento da Faria Lima.
Apesar de saberem da possível desapropriação desde 1968, os moradores do bairro se sentiram traídos pelo prefeito. É que os dois últimos líderes de Maluf na Câmara, Miguel Colassuono e Marcos Cintra –que negociavam com as associações um número menor de desapropriações–, se comprometeram, em nome da prefeitura, a não adotar qualquer medida sem a aprovação dos vereadores, já que a continuidade do projeto está sendo analisada na Câmara Municipal.
A prefeitura nega que existisse esse compromisso dos líderes, apesar dele estar registrado nos anais da Câmara. Segundo o assessor de imprensa do prefeito, Odon Pereira, "os líderes empenharam a palavra em se esforçar para evitar mais desapropriações. Nada mais que isso. Decididamente não houve acordo."
"Ou os líderes foram enganados ou são tratados como palhaços pelo prefeito Paulo Maluf", afirmou Horácio Galvanese, do movimento Pinheiros Vivo.
O vereador Adriano Diogo (PT) contesta Odon Pereira. "A desapropriação não pode se apoiar na lei de 1968. Precisa de um novo estudo de impacto ambiental e precisa, também, estar amparada em nova lei". Na segunda-feira, o vereador entra com representação no Ministério Público alegando ilegalidades no decreto.

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