São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 1994
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Doces Bárbaros se eternizam na Mangueira

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

Programa: Doces Bárbaros na Mangueira
Direção: Roberto de Oliveira
Quando: amanhã às 21h

O reencontro em palco dos Doces Bárbaros seria histórico em qualquer hora e espaço. Mas, ao acontecer no último sábado, dia 15, na quadra da escola de samba Mangueira, no Rio, ele ganhou ares de celebração religiosa. O espírito da música brasileira volta a baixar no público depois de duas décadas de indiferença. A Rede Bandeirantes exibe amanhã, às 21h, o documento do fato único.
O programa "Doces Bárbaros na Mangueira", dirigido por Roberto de Oliveira, traz a íntegra do espetáculo e cenas da entrevista coletiva e do ensaio ocorridos um dia antes. O programa tem uma hora e meia de duração e mostra interpretações inéditas e uma composição novo que Caetano fez para a escola.
Os cantores Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia aceitaram voltar ao palco juntos depois depois de 18 anos da turnê do grupo Doces Bárbaros. "Foi uma troca de carinhos", define Oliveira. A Mangueira desfila dia 13 de fevereiro próximo com o enredo "Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu", em homenagem aos quatro músicos. O show dos Doces Bárbaros aconteceu para arrecadar fundos para a escola. A Mangueira também tem participação na renda dos comerciais do programa de amanhã.
"Doces Bárbaros na Mangueira" começa com cenas do morro e declarações dos músicos. Para o público de 4.000 pessoas que compareceu à quadra, o som foi deficiente. O defeito desaparece na TV devido à mixagem. Tudo soa perfeito e afinado e até o tropeço de Caetano –quando mostra sua inédita– resulta pitoresco.
Bethânia entra primeiro. A tensão da cantora desaparece no primeiro instante, quando sente o público receptivo e canta "Emoções" (Roberto Carlos). Vale prestar atenção na afinação de Bethânia. O segundo bloco pertence a Caetano. Acompanhando-se ao violão, mostra "A Mangueira me Chama" (Nelson Cavaquinho) e a nova música, que compara a Bahia à Mangueira.
Gal exibe maturidade e concentração em "Bumbo da Mangueira" (Ben Jor) e "Meu Bem, meu Mal", com Caetano ao violão. Gil cria empatia com o público e consegue, por um instante, dar a impressão de que era 1976.
No final, os quatro atacam de "Os Mais Doces Bárbaros", canção alusiva ao show de 18 anos atrás, "Exaltação à Mangueira" e o novo samba-enredo da escola. Os baianos se perpetuaram na festa.

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