São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994 |
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Lula reage aos radicais e redefine alianças
CARLOS EDUARDO ALVES
O último Encontro Nacional do PT recomendava que se restringisse as alianças estaduais a candidatos de partidos que se coligassem a Lula. A "flexibilização" da política de coligação, como o jargão petista está chamando a mudança, veio depois de um longo discurso em que Lula alertou sobre o perigo de isolamento que sua candidatura corre. "Já pensarem em um segundo turno com todos os candidatos aos governos estaduais contra mim?", indagou Lula. O líder petista também criticou o lançamento de candidaturas do PT sem viabilidade eleitoral em alguns Estados. "Dizem que eu posso puxar para cima os nossos candidatos a governador. Mas pode também é possível que um candidato fraco me puxe para baixo", afirmou. A inédita intervenção de Lula –que se mantinha omisso nas grandes decisões do partido– apresentou resultado logo depois. O Diretório Nacional autorizou o entendimento com Jaison Barreto (PSDB-SC) e Dante de Oliveira (PDT-MT), candidatos aos governos de seus Estados. Em Rondônia, o PT vai participar de uma frente que terá a presença do PMDB. A única condição estabelecida pelo PT é que os apoiados pelo partido abram espaço para a campanha de Lula. "Em alguns Estados não temos candidatos fortes e a lógica local não é mesma da nacional", afirmou Lula ao justificar o pragmatismo. O PT deve apoiar outros partidos em muitos Estados. Lula foi aconselhado por petistas de seu grupo e interlocutores de outros partidos a conduzir diretamente o encaminhamento de temas de interesse de sua candidatura. Foi convencido, finalmente, a abandonar a omissão depois de constatar que, apesar de ter diminuído em alguns setores as restrições ao seu projeto, continua prevalecendo a imagem de que é refém do PT. A ofensiva de Lula tem também um raciocínio eleitoral. Ele acha que, ao apoiar candidatos estaduais de outros partidos, pode esvaziar a tentativa de criar uma imensa frente de legendas contra a sua candidatura e plantar apoios que acha decisivos para um eventual segundo turno. Foi aprovada resolução que recomenda "desencadear discussões programáticas" com aliados de esquerda e PSDB e "segmentos" de PDT e PMDB. "Ganhar é difícil e governar sozinho mais ainda", disse Lula na reunião. Texto Anterior: Prioridade é aprovar MPs Próximo Texto: Diretório veta presença na revisão Índice |
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