São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994
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Físico estuda teoria de medidores de radiação

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns compostos são úteis para os cientistas usarem em medidores de radiação, os "dosímetros", que pessoas que trabalham perto de fontes de radiação em hospitais ou reatores nucleares têm de carregar. Ao serem depois aquecidos em laboratório, os dosímetros emitem luz proporcional à radiação que receberam, permitindo assim que se meça a dose que uma pessoa recebeu em um dado período.
O Laboratório de Dosimetria do Instituto de Física da USP atende cerca de mil usuários de dosímetros na universidade e em hospitais, mas também estuda a teoria por trás desses medidores. A tese de mestrado de Saulo Soares de Souza pertence ao lado mais radicalmente teórico da coisa. Ele usou simulação de computador para tentar entender um pouco do que acontece dentro dos cristais de um composto usado nos dosímetros, o fluoreto de cálcio.
Saulo estuda um mundo virtual. Ele inventa cristais "puros" e outros com certas impurezas na tela de seu computador para tentar entender como os cristais mais complexos da natureza agiriam.
São esses "defeitos", notadamente constituídas pelos elementos conhecidos como "terras raras", dentro do cristal que, ao modificar a energia de todo o sistema, permitem ao fluoreto de cálcio ter as propriedades dosimétricas. A radiação provoca mudanças na rede eletrônica do cristal que depois serão mensuráveis.
"Começo com uma situação ideal, o fluoreto de cálcio puro, aí vou pondo os grilos", diz Saulo. O cristal assim "dopado" é a matéria-prima do dosímetro. "A gente sabe que ele serve para o dosímetro. O que se quer saber é o que ele tem de especial para servir assim", declara o físico. (RBN)

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