São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994
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Almeida Prado ressalta imaginação cênica

DA REDAÇÃO

O crítico Décio de Almeida Prado teve seu primeiro contato direto com a produção teatral de Jean-Louis Barrault no fim de 1938, quando viu em Paris uma montagem de "A Terra é Redonda". "Ele trabalhava na companhia teatral de Dullain e já era conhecido como um ator de vanguarda. Depois ele até passou para o teatro comercial, mas seu trabalho nunca perdeu a qualidade, manteve sempre um nível excelente na Comédie Française".
Segundo Almeida Prado, as passagens de Barrault pelo Brasil sempre foram recebidas com entusiasmo. "Éramos muito ligados à cultura francesa. O teatro brasileiro estava no começo e era muito bom receber visitas dessas companhias. Estávamos no pós-guerra. O Brasil passava por um momento econômico muito bom enquanto que a Europa estava arrasada. Era um bom negócio vir para cá".
Sobre as atuações de Barrault no cinema, Almeida Prado lembra sobretudo de "Boulevard do Crime". "Ele fazia o papel do ator Debureau, que viveu no século passado. Debureau era um mímico também e, no filme, Barrault chega a fazer um ato de pantomima, 'Baptiste'. Este ato ele repetiu no Rio e em São Paulo em uma de suas passagens por aqui".
A maior contribuição de Barrault para o teatro, segundo Almeida Prado, foi inserir outras artes no palco. "Nas décadas de 20 e 30, as companhias eram dominadas por alguns poucos atores. Com Barrault, a atenção se volta para o encenador. Ele montou uma peça de Paul Claudel sobre Cristóvão Colombo. A peça começava com uma cena de cinema e em seguida entravam dança, pintura e música. Ele tinha uma grande imaginação cênica. Lembro também de uma grande movimentação em um espetáculo seu chamado 'Teatro Total' ", diz.

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