São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 1994
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Roseana e Odebrecht; Xará incômodo; PM e ameaças; Imunidade suspeita; Receita contra fome; Morte de bebês

Roseana e Odebrecht
"Li hoje (21/1) na Folha uma referência ao meu nome, incluída na matéria publicada com o título "Comissão abandonou várias apurações" (pág. Especial A-9), que desejo esclarecer: 1) Não fiz nenhuma emenda para "uma ponte que não foi construída". 2) Nos papéis da Odebrecht não existe nenhuma referência ao meu nome sobre emendas de subvenção, percentual, ajuda de campanha, liberação de verbas, "almoço", "reuniões" etc. As referêcias são duas: 1) "Brindes", em companhia de mais 240 autoridades; 2) o sr. Aylton Reis mandou sua secretária marcar uma audiência comigo, vice-líder do governo, sobre o projeto de "concessões de exploração de empresas de eletricidade". O sr. Aylton Reis, em depoimento à CPI, disse que a mesma não se realizou, porque não marquei. Nada existe sobre "almoços e reuniões". 3) Não fui citada pelo sr. José C dos Santos nem mencionada com envolvimento em qualquer investigação realizada pela CPI."
Roseana Sarney, deputada (Brasília, DF)

Nota da Redação – Ao contrário do que afirma em sua carta, a deputada Roseana Sarney apresentou emenda para garantir parte dos recursos da chamada "Ponte da Amizade" ligando Timon (MA) a Teresina (PI). A obra deveria estar concluída desde novembro de 1988. Até hoje não passou dos pilares, apesar de já ter consumido US$ 11 milhões.

Xará incômodo
"Com surpresa tomei conhecimento do envolvimento do meu nome, na coluna do jornalista Janio de Freitas (20/01), como um deputado que teria afanado documentos da Subcomissão de Patrimônio da CPI do Orçamento. Trata-se de um lamentável, porém compreensível engano do jornalista, visto que não integro aquela CPI, que jamais nela estive, sequer na Subcomissão de Patrimônio, e jamais subtraí qualquer documento, mesmo porque nada consta que envolva meu nome. Esclareço que sou deputado federal por Mato Grosso, cumprindo meu terceiro mandato, como deputado mais votado no Estado, além de ser também presidente do diretório regional do PFL."

Resposta do colunista Janio de Freitas – O deputado Jonas Pinheiro tem razão. O autor da má façanha foi o senador Jonas Pinheiro. A repórter que acompanhou o fato equivocou-se nas funções dos homônimos e difundiu o equívoco.

PM e ameaças
"Desde que iniciei apurações, perante a Justiça Militar, de policiais da Rota envolvidos em sequestro e morte de comerciantes, tenho sido vítima de ameaças de morte, extensivas a meus familiares. A resposta que obtive do Comando Geral da Polícia Militar foram duas representações criminais dirigidas contra mim e o jornalista Claudio Julio Tognolli, da Folha, sob a justificativa de que estávamos 'denegrindo a imagem da corporação'. Igualmente destratado e alvo de injustiças vem sendo o dr. João Benedito de Azevedo Marques que, presidente do Organismo de Garantia da Cidadania, ligado à Secretaria da Justiça, ousou tornar público o que vinha sendo apurado em 'banho maria'. A Rota está desvirtuada e sem o controle de seu comando. Sobram razões ao dr. Azevedo Marques, que noticiou o que se procurou esconder. Assim, fique pública a intenção do sr. comandante-geral da Polícia Militar em denegrir a imagem de promotores de Justiça e juízes de direito, para justificar os erros de sua tropa, no lugar de punir responsáveis e dar resposta para quem a merece: a sociedade."
Marco Antônio Ferreira Lima, segundo promotor de Justiça Militar do Estado (São Paulo, SP)

Imunidade suspeita
"Acredito que seria de grande valia se esse conceituado jornal dedicasse uma de suas matérias para esclarecer tim-tim prr tim-tim essa tal de imunidade parlamentar, que, além de proteger governadores que resolvem suas mágoas a bala, ainda proporciona a possibilidade de tantos outros 'senhores' usufruírem tranquilamente de todos os prazeres que essa tal de imunidade lhes proporciona."
Ronaldo Alves Corrêa (Cuiabá, MT)

Receita contra fome
"Revertemos àquelas belas filosofias filantrópicas do século 19: depois de sugarem até a penúltima gota de sangue do subproletariado que forma a massa da população, explorando o trabalho semi-escravo de homens, mulheres e crianças, representantes caridosos da burguesia distribuem a tal de cesta básica, se gabando de proporcionar um quilo de feijão para uma família de nove e outros feitos semelhantes. Aproveitando essa onda de generosidade, queríamos sugerir que voltemos mais um pouco, ao século 18, quando Jonathan Swift fez uma interessante proposta para acabar com a fome na Irlanda, dirigida igualmente à nova burguesia cheia de consciência social que surgia na Inglaterra da época. A idéia era a seguinte: ao invés de lutar com o problema insolúvel de alimentar os famintos sem contemplar qualquer redistribuição de renda, podia-se acabar com o problema de vez se a burguesia inglesa comesse as crianças irlandesas. Swift passou a sugerir diversas receitas para cozinhar as mesmas, assim transformando-as numa nova delicadeza para mesas nobres."
Vik Santos (Rio de Janeiro, RJ)

Sarney e Bevilacqua
"Em artigo publicado no dia 14/01, na sua coluna semanal da Folha, o ex-presidente José Sarney escreveu sobre o instituto do bem de família, e avocou para si o mérito de ter preenchido uma lacuna existente no nosso direito, afirmando, ainda, que o próprio Clóvis Bevilacqua se esquecera de incluir a instituição entre as que compuseram o projeto que, mais tarde, em 1916, veio a constituir o Código Civil Brasileiro. No intuito exclusivo de defender a competência do insigne Clóvis Bevilacqua, quero salientar que a instituição do bem de família integrou o Código Civil Brasileiro desde a sua vigência em 1917. A medida provisória de n.º 143, transformada na lei 8.009, deu, por certo, mais amplitude ao instituto que já existia, prestando relevantes serviços sociais."
Synesio Soares da Cunha Filho (Salvador, BA)

Morte de bebês
"Decepcionante a cobertura dessa Folha sobre os acontecimentos envolvendo a morte de seis recém-nascidos no berçário do Hospital Vila Nlva Cachoeirinha da Prefeitura de São Paulo. Praticou-se um jornalismo frio, burocrático e extremamente crédulo à versão oficial dos fatos, quando, na verdade, estavam envolvidas seis mortes, ocorridas de forma completamente absurda e inaceitável."
Paulo Eduado Elias, (São Paulo, SP)

Funcionalismo execrado
"Na condição de assinante da Folha há muitos anos e como funcionário de uma empresa estatal (Caixa Econômica Federal), não poderia deixar de manifestar minha indignação diante da verdadeira execração a que estamos sendo submetidos (sem direito a defesa, ou seja, ao contrário do que indica o bom senso, somos 'culpados' antes de qualquer esclarecimento e apuração mais isenta). Acreditava que os critérios jornalísticos deste jornal se apoiassem em princípios mais isentos e menos sensacionalistas. Vocês nos colocam sumariamente como 'gatunos', sabotadores, espírito de porcos e outras pérolas do gênero. Gostaria de salientar que, se for levantada alguma irregularidade ou coisa parecida, que se apure, mas que não se venda a imagem que tem vindo a público e que procura jogar a população contra um batalhão de funcionários que ganham a vida honestamente e que enfrentam, em boa parte dos casos, condições de trabalho que deixam bastante a desejar e que dificultam o desempenho de nossas funções."
Vinícius Nogueira Barbosa Bueno (Paraguaçu, MG)

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