São Paulo, terça-feira, 25 de janeiro de 1994
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James Dean do jazz toca com orquestra

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Como seu ídolo –e também mito do jazz– Miles Davis (1926-1991), Chet Baker não deixou apenas um, mas vários testamentos musicais. Pouco depois que seu corpo foi encontrado sob a janela de um hotel em Amsterdã, em 13 de maio de 1988, várias gravações chegaram às lojas, disputando essa condição.
Gravado ao vivo, em 28 de abril daquele ano, no Funkhaus de Hannover (Alemanha Ocidental), "The Last Great Concert" não é, cronologicamente, a última apresentação pública de Chet, acostumado então a tocar em botequins e pequenos clubes, em troca de alguns dólares. Mas é, sem dúvida, o mais luxuoso de seus álbuns-testamentos.
Algo pouco comum nos últimos anos de sua carreira, naquela noite o desfigurado James Dean do jazz teve a companhia de uma orquestra e uma "big band". Soprou o trompete em clássicos de Gershwin, Monk, Miles e Rogers. E até cantou –naquele mesmo estilo "cool" que fez a cabeça de João Gilberto, nos anos 50– três de suas baladas preferidas, incluindo a arrepiante "My Funny Valentine".
"Uma coisa como esta é realmente extraordinária para mim", ele confessa com um fio de voz, ao fim do concerto, surpreso com a reação calorosa da platéia.
A lamentar só o tratamento precário dado aos encartes desses primeiros CDs do selo, que despreza fichas técnicas e textos de apresentação. Quem tem um bom catálogo e pretende se instalar no mercado não pode cair nesse tipo de desleixo. (CC)

Título: The Last Great Concert - My Favourite Songs Vol. 1 & 2
Artista: Chet Baker
Músicos: Herb Geller (sax alto), John Schroder (guitarra), Walter Norris (piano), Radio Symphony Hannover, NDR Big Band e outros
Produção: Mathias Winckelmann
Lançamento: Enja Brasil
Preço médio: CR$ 6.000

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