São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Motim de 10 horas mata 2 e fere 19

AMAURY RIBEIRO JR.
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIBEIRÃO DAS NEVES

Terminou ontem à 1h com saldo de dois mortos e 19 feridos –oito presos, seis reféns e cinco policiais– a rebelião no Penitenciária Agrícola de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A Polícia Militar de Minas Gerais invadiu o presídio e libertou os 12 reféns que eram mantidos havia dez horas como reféns por 11 presos.
A decisão de invadir o presídio foi tomada à 0h45 pelo conselho de negociação –formado por dois promotores, um juiz, o coronel da PM Edvaldo Piccinini e o superintendente de Assuntos Penitenciários, José Fraga. Os presos prometiam matar uma refém à 1h05 se suas reivindicações não fossem atendidas. Eles pediam cinco metralhadoras, munição, revólveres e um carro-forte para a fuga.
Às 21h30, foi pendurado em um mastro do presídio um corpo ensanguentado, com as roupas que eram usadas pelo refém Dênis Maria José da Glória. Depois da invasão, os policiais descobriram que o corpo no mastro era do detento Raimundo Eustáquio da Silva, que não aderiu à rebelião.
A ação da polícia demorou pouco mais de um minuto. Antes da 1h, o coronel Piccinini anunciava por um megafone aos rebelados que estava disposto a atender suas reivindicações. Em troca, pedia que os reféns se apresentassem à janela ao serem chamados, um de cada vez. Era uma estratégia para distrair os presos.
Enquanto Piccinini fazia a chamada oral dos presos, policiais do grupamento de choque da PM entravam pelas escadas do fundo do presídio. Trinta segundos depois, atiradores de elite, posicionados na guarita do presídio, atiraram nos dois líderes da rebelião, Antônio Nunes dos Reis, que morreu na hora, e Luís Antônio Lopes, 23, que ficou gravemente ferido. Imediatamente, cerca de 200 policiais invadiram o presídio.
Durante a invasão, o refém Waldir Avelar, 67, foi baleado pelas costas pelos policiais. Uma refém, cujo nome não foi divulgado, foi estuprada e a diretora do presídio, Monica Lara, levou uma facada no braço pelos presos.
A rebelião teve início às 14h30, quando os detentos invadiram o escritório da administração e dominaram inicialmente 18 funcionários.
Ontem, os 12 funcionários responsáveis pela segurança se recusavam a voltar ao presídio. Eles exigem melhoria nas condições de trabalho.

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