São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Serão muitos cantos para a Santa Clara

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Erramos: 28/01/94
O nome de Afrânio Riul, técnico do Corinthians, foi grafado erroneamente como Alfredo.
Serão muitos cantos para a Santa Clara
Meus amigos, meus inimigos, Santa Clara clareou, nos versos de Dorival Caymmi (o "oitenta são", como diria o corintiano Décio Pignatari, do ano). Santa Clara clareou, canta animadamente o nosso muso Jorge Ben Jor.
Santa Clara padroeira da televisão, por decreto do Papa Pio 12 e nos quereres de Caetano Veloso –que, neste fim-de-semana, sacode Salvador com o Tropicália 2, ao lado de Gilberto Gil.
Santa Clara hospedará o Brasil na Copa do Mundo. Santa Chiari di Assisi, aquela do "previlégio da perfeita pobreza" –coisa que, certamente, não é sonhada pelos nossos jogadores nem em noite de pesadelo.
Que o menino seja esperto. E tomado pelo que a bola é. De poesia. E assim quando chegar, por favor, não se esqueça de clarear os nossos caminhos –porque ainda há muito a ser clareado, ora se há.
E da Santa Clara para o São José (do Rio) Preto. Pois o desfalcado Corinthians precisará de uma prudência santificada hoje, lá pelo Norte do Estado.
O América não poderia ter tido estréia melhor nesta volta ao quadro de elite do futebol paulista: ganhou do Guarani (lá no Brinco de Ouro), que eu reputava (devo continuar? Esta coluna foi escrita antes do jogo de ontem entre Santos e Guarani) como um dos melhores ataques deste Paulistão.
Além disso, o Guarani estreiava o Oscar –que eu visitei perto de Tóquio, em uma já longínqua noite, na primavera do futebol japonês– como técnico, entrando para o saudável cordão da renovação dos "managers" brasileiros.
Pois bem, o destemido América (com o Neneca, que defendeu o Guarani no Brasileirão, no gol) foi lá e trouxe os dois pontos de Campinas. Os endiabrados vermelhinhos de Rio Preto, tradicionalmente, vendem muito caro os pontos disputados em casa contra o alvinegro (a última vez que vi um Corinthians e América por aquelas bandas, quando eu era alegre e –pra lá– de jovem, o mosqueteiro virou o jogo com um gol do ponta Eduardo, aquele que morreu no acidente com o Lidu, embaixo das pernas do famoso goleiro Neury).
Pelo que pude ver da estréia do Corinthians, nenhuma grande novidade. Continua com a defesa incerta (em que pese o estilo xerife do Gralack), os laterais fracos (Leandro Silva, que nunca foi um craque, conseguia desempenhar corretamente suas funções no time do Nelsinho; depois, caiu na real. Tampouco me agrada o experimento do Zé Elias na lateral, como será tentado hoje) e um meio-de-campo pouco consistente, beneficiário apenas do voluntarismo imemorial do time.
Viola sim, a cada temporada parece que amadurece mais o seu jogo. Os passes para os dois gols contra a Lusa indicam que ele está mais disposto a pensar na equipe. E a habilidade pessoal do Marcelinho –se bem que sempre sujeita a chuvas e trovoadas– pode acrescentar alguma periculosidade ao front avançado do Corinthians.
Mas, tudo isto será muito pouco para colocar o futebol corintiano em um patamar de jogo mais elevado. O alvinegro do Parque São Jorge foi o time que mais contratou até agora. Ainda não conseguiu colocar todo o seu "new cast" sob os refletores.
Uma vitória hoje seria um excelente resultado para qualquer um dos times, pois eles saltariam para o pelotão da pole position logo na abertura do campeonato. As caldeiras flamejantes do inferno americano não deixam de ser um teste apropriado para o técnico Alfredo Riul. Afinal, ele não foi contratado justamente por ser o "mago" do interior?

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