São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Chega ao Brasil "A Vida Por Um Fio", do diretor chinês Chen Kaige. PÁG. 8
Comunidade brasileira em Nova York é tema de estudo
27/01/94
Autor: FERNANDA GODOY IRENE . ALNE
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Editoria: ILUSTRADAPágina: 5-1
Edição: NacionalTamanho: G 353 palavrasJAN 27, 1994
Legenda Foto: A antrópóloga Maxine Margolis, que escreveu um livro, 'Little Brazil', sobre a comunidade brasileira que reside em Nova York, em foto tirada no alto do Empire State Building, em Nova York; para a brasilianista, os brasileiros são 'refugiados' da crise econômica dos anos 80
Crédito Foto: Alcir N.da Silva/Folha Imagem
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Comunidade brasileira em Nova York é tema de estudo
Antropóloga norte-americana traça perfil dos imigrantes "invisíveis"
FERNANDA GODOY
De Nova York
Ninguém que tenha os ouvidos treinados em português consegue passar por Nova York imune à presença maciça dos brasileiros na cidade. Para a antropóloga norte-americana Maxine Margolis, "brasilianista" formada em Columbia, a luz veremelha se acendeu quando suas amigas começaram a lhe contar que tinham empregadas brasileiras. E ela soube que estava diante de seu novo livro: "Little Brazil", um estudo sobre a comunidade brasileira em Nova York, estimada em cerca de 80 mil pessoas, a maioria "refugiados econômicos" da crise dos anos 80.
Mais de 250 brasileiros foram meticulosamente entrevistados por Margolis até que ela chegasse ao perfil da comunidade. O retrato que emerge desse trabalho tem contornos chocantes: ao fugir da crise que esmaga a classe média, os brasileiros viraram classe operária nos EUA. Embora 59% das mulheres que emigraram tivessem chegado à universidade, 56% delas trabalham na Big Apple como empregadas domésticas. Entre os homens, embora só 4% tenham parado na educação primária, a quase totalidade realiza trabalhos braçais, empregados em restaurantes ou na construção civil.
Exaustos após jornadas de trabalho de dez, 12 ou até 15 horas e amedrontados com a fiscalização da imigração, os brasileiros têm pouca disponibilidade para a vida social em Nova York. Daí, segundo Margolis, a "comunidade invisível". Os brasileiros não têm estabelecimentos comerciais que dêem sua cara à cidade. O monopólio dos brasileiros está em ocupações que eles mesmos renegam: engraxate e dançarina de cabaré.
O relato de Margolis é simpático aos "brazucas". O livro padece de uma certa dureza de tese antropológica, que é amenizada por janelas abertas no texto para historinhas, diálogos e casos curiosos. Mas tem o mérito de ser o primeiro estudo sério da aventura desses brasileiros, provavelmente os primeiros imigrantes em quase 500 anos de história.

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entrevista com Maxine Margolis à pág. 5-3

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