São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Unidade Bop toca jazz com cara de rap

RODRIGO LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Unidade Bop toca jazz com cara de rap
Show: "L.A. Jazz Rap", com o grupo Unidade Bop
Onde: Teatro Crowne Plaza (r. Frei Caneca, 1.332, fone: 285-4902)
Quando: terças, quartas e quintas, às 21h30, até 3 de fevereiro
Ingressos: CR$ 1.500,00
À primeira audição pode parecer estranho. Puristas dos dois gêneros talvez reclamem - é um som sujo demais para ser puro jazz e "mauricinho" demais para ser puro rap -, mas quem quiser dançar e/ou ouvir música bem-feita há de gostar do jazz-rap.
Esta fusão começou na Inglaterra lá por 87, e só agora começa a pegar no Brasil. Neste mês, a banda Unidade Bop faz show de estréia no Crowne Plaza, até dia 3 de fevereiro, e o grupo de rappers Doctor MC's acaba a gravação do seu primeiro disco (leia texto abaixo).
Apesar do nome, o Unidade Bop não toca o estilo bebop - solos rápidos e angulosos, nascido na década de 40. "O bop do nome é mais uma atitude do que o som propriamente dito", explica o saxofonista Edgard Clermont. Por atitude bop entenda-se reproduzir as estruturas musicais do bebop e o desprezo pela "tradição". Na verdade, o som do Unidade é muito mais inspirado na fusão do jazz com o rock, típica dos anos 70 e começo dos 80. "Venus de Millo" e "Strolin", de Prince, recebem a roupagem adequada e aparecem no show.
O grupo dedica uma verdadeira adoração ao trompetista Miles Davis (1926-1991), a tal ponto que espectadores que apresentarem na bilheteria um LP ou CD do músico ganham desconto de 20%. Uma das músicas do show, "Night Club", do pianista Paulo Checolli foi feita em 1991, logo após a morte de Miles.
Não se imagine porém que o Unidade é apenas um grupo de jazz. A batida eletrônica, pré-gravada, e o canto falado de Will Robson e Eugênio Lima conferem a cara "rap" do grupo, com uma diferença: as letras não são "raivosas" como as dos rappers que fazem sucesso nos bailes blacks - "falam da noite, do amor, da vida", resume o vocalista Will Robson. O grupo tratou de fazer algo com sabor mais pop.
"A coisa vital são os grooves, calcados no funk e no soul", diz o pianista Checolli. "A vantagem da nossa música é que podemos tanto tocar no Free Jazz quanto no Hollywood Rock", garante.
Até março, o Unidade Bop pretende gravar o primeiro disco. Os músicos mantém o nome da gravadora em segredo, mas o lançamento é previsto para o segundo semestre.

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