São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
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Alpargatas e Santista se unem para ganhar mercado

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A São Paulo Alpargatas e as Empresas Têxteis Santista, do grupo Bunge Brasil, se uniram para ganhar participação no mercado brasileiro de índigo, estimado em 180 milhões de metros lineares por ano ou US$ 800 milhões anuais. Elas acabam de montar uma empresa que passa a deter 35% da produção desse artigo no país. Graças à aliança, empatam praticamente com a Vicunha, a líder, que conta com cerca de 35%.
A nova empresa passa a ser a terceira maior indústria de índigos do mundo. A Cone e a Swift, norte-americanas, fazem cada uma 100 milhões de metros lineares por ano desse artigo. A Santista e a Alpargatas passam a produzir juntas 80 milhões de metros lineares anuais, informa Diego Bush, presidente da Alpargatas.
A nova empresa deve faturar US$ 400 milhões este ano. Ela reúne duas fábricas da Alpargatas e cinco da Santista. Das ações totais da nova empresa, a Santista fica com 69,5%; a Alpargatas, com 25% e o Bradesco, com 5,5%. Das ordinárias, Santista e Alpargatas ficam com 45% cada uma e, o Bradesco, com 10%. Das preferenciais, 100% pertencem à Fábrica de Tecidos Tatuapé, da Santista.
"É uma aliança estratégica que está acontecendo em vários países do mundo por causa da derrubada das barreiras no comércio internacional", diz Ludwig Schmitt-Rhaden, presidente da Bunge Brasil. A estratégia das sócias, diz ele, é cortar custos, melhorar a qualidade dos produtos e ter mais lucro. A nova empresa passa a ter 6.400 empregados e patrimônio de US$ 260 milhões.
A Alpargatas continua com suas linhas de calçados, vestuário, lonas e cobertura. A Santista, com a produção de artigos de cama e banho, casemiras e fios para malharia. De início, também ficam independentes as equipes de vendas de índigos das duas empresas.
Nos cálculos de Herbert Schmid, presidente da nova empresa, as sócias vão economizar US$ 10 milhões por ano com a união. A nova empresa estará pronta para exportar. Já neste ano, entre 25% e 30% da produção se destinará ao mercado externo. "Achamos que até o ano 2000 a demanda mundial deve aumentar 40%."
Lei antitruste
O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Direito Econômico), Ruy Coutinho, disse ontem que a fusão das indústrias Santista e Alpargatas poderá ser anulada com base na lei antitruste (n. 8.158/91).
O artigo 10 da lei antitruste manda fazer uma consulta aos órgãos de defesa da concorrência –Cade e SDE (Secretaria de Direito Econômico)– toda vez que a fusão ou incorporação de duas ou mais empresas resultar no domínio de mais de 20% de um mercado. A consulta pode ser feita antes da concretização do negócio ou 30 dias após.
Segundo Coutinho, até ontem a Santista e a Alpargatas não haviam dado entrada no pedido de consulta. Já Carlo Lovatelli, diretor de assuntos corporativos da Bunge Brasil, diz que a aprovação do Cade sairá em breve.
Desde a existência da lei antitruste, nenhuma incorporação ou fusão de empresas foi desfeita pelo Cade ou SDE.

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