São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 1994
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Atletas fazem plantão ao lado do telefone

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal efeito sofrido pelos jogadores palmeirenses com a concentração permanente é a saudade da família. Como os quartos do hotel onde o Palmeiras está concentrado não dispõem de linha direta, as telefonistas sofrem diariamente com os horários de pico, em que todos pedem ligação. Depois do almoço e à noite são os momentos em que os jogadores fazem plantão nos quartos, esperando o toque do telefone.
Os mais demorados na conversa são o volante Amaral, o atacante Edmundo e o técnico Luxemburgo, revelam os funcionários do hotel. Quando conseguem a ligação, gastam até uma hora falando. Prudente, a comissão técnica determinou que cada um é responsável pela sua conta de telefone.
A impaciência com a espera convenceu o lateral-esquerdo Roberto Carlos a desembolsar mais e alugar um telefone celular. "Gosto muito de falar com minha família, em Araras, mas detesto ficar esperando uma ligação. Como muitas vezes eu estava no fim da fila, não conseguia falar porque estourava o tempo de repouso e tinha que treinar", justifica.
Carregando o aparelho no bolso, Roberto Carlos mantém contato direto e constante com a família. Como é o único a manter um celular, o lateral é assediado por outros jogadores, que não suportam a espera, como o zagueiro Cléber. "Normalmente, eu empresto, mas com a condição de receber uma ajuda no pagamento da conta telefônica."
Ainda não contaminado pelo desespero total, o meia colombiano Rincón evita entrar na fila das ligações. "Fico preocupado com minha família, principalmente com meu filho Sebastian, que nasceu no início do mês", conta. "Mas, desde que estou no Brasil, só falei três ou quatro vezes com eles."
A falta de comunicação não é o único problema enfrentado pelo colombiano. Apesar de garantir não ter problemas com a culinária brasileira, ele sente a falta de um prato em sua alimentação. "Adoro mariscos, mas, aqui no interior, longe do mar, fica difícil conseguir resolver esse problema. O jeito é esperar voltar para São Paulo."(UB)

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