São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 1994
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Rima se reestrutura e domina o mercado

FRANCISCA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rima Impressoras, líder no mercado de mecanismos impressores para automação bancária e comercial, com mais de 70% do setor e que detém mais de 40% do segmento de impressoras para microinformática, enfrentou em 90 desafios para sobreviver aos planos de estabilização.
A empresa resolveu se reestruturar. Modernizou o parque fabril, automatizou as linhas, reduziu estoques e a mão-de-obra, diz Pietro Biselli, 45, sócio da empresa.
Inaugurou uma nova linha de montagem automatizada em 91. A Rima adquiriu a área de impressoras da Elebra em 92. Integrante da holding Sisinter, emprega 800 funcionários e teve receita de US$ 54 milhões em 92.
Biselli diz ainda que a Rima tem um aliado no mercado internacional: a Okidata, uma das três maiores marcas internacionais de impressoras, com parque instalado superior a cinco milhões de máquinas nos Estados Unidos.
Para este ano a perspectiva de Biselli é continuar fazendo novos investimentos para "melhorar a qualidade dos produtos" e aumentar ainda mais a participação no mercado.
ORIGEM
A origem do nosso grupo data de 1973, quando eu e o Flávio Zanni, engenheiros de produção, resolvemos estender a amizade dos bancos de escola para o mundo dos negócios. Fundamos a Sistema Automação, para atuar na área de processos industriais.
Oito anos depois resolvemos diversificar e criamos a Mecaf-Mecânica Fina, dirigida à fabricação de mecanismos impressores. No final de 83 nascia o primeiro modelo de impressora, a Rima IS 1320.
EXPANSÃO
Em 1985, inauguramos novas instalações da unidade de Mecanismos, no município de Osasco, hoje localizada em Alphaville. Nessa época, os produtos Rima atingiram a liderança no segmento, superando, inclusive, os concorrentes importados.
SOCIEDADE
Com o objetivo de fortalecer a marca no mercado, resolvemos refazer a composição acionária do empreendimento. Esta decisão se concretizou em 1988. Nos aproximamos com o Itaú e Bradesco. A Itautec ficou com 23% do capital da Rima e a Digilab (Bradesco) ficou com outros 17%.
Nesse mesmo ano foi constituída a Rima Impressoras, ocupando um parque industrial de oito mil metros quadrados.
ALAVANCAGEM
O ingresso de novos recursos permitiu à Rima uma alavancagem nos negócios e também um reforço da imagem no mercado, elevando expressivamente a participação nas vendas do setor.
DIVISÕES
A Rima é formada pelas divisões de impressoras e mecanismos, liderando o mercado nacional nesses setores. A Divisão de Impressoras cobre 41% do mercado nacional com uma linha de 11 produtos, incluindo impressoras matriciais e de página (laser).
A Divisão de Mecanismos fornece ao mercado brasileiro 70% dos mecanismos impressores para automação bancária e comercial. Fabrica ainda motores DC e cabeças de impressão.
HOLDING
A Sisinter opera como holding do grupo, com atuação também na área de controle de processos, possuindo empresas no exterior, como a Elpro, na Alemanha, e Stemar, na Itália. Além da Rima Impressoras, o grupo comporta as empresas Sistema, Compexpress, Scan, Sisinter Luxemburgo, Siscom, na Itália.
SISTEMA
A Sistema - controle de processos - fatura US$ 1 milhão por mês. Seu ponto-chave é sistemas de segurança para caldeiras. Tem sistemas instalados em 25 das 27 plataformas da Petrobrás.
RIMA
O segmento de impressoras desenvolve produtos, atua nas áreas industrial, de distribuição e de marketing. Fatura cerca de US$ 3,5 milhões mensais. O setor de máquinas e mecanismos - usados na automação bancária e comercial - fatura algo em torno de US$ 1,5 milhão por mês. Essa área elevou de 10% para 20% seus embarques para o mercado internacional, que equivale a 10% dos mecanismos vendidos.
A Rima como um todo conta com cem pontos de assistência técnica e mais de cem revendas credenciadas. Além disso, possui três distribuidores exclusivos para produtos e serviços.
LEI DA INFORMÁTICA
Acho que a lei tem vetores interessantes para o empresário. É um estímulo à fabricação local com a eliminação de impostos para quem produzir no país e investir 5% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Mas ainda precisamos caminhar mais para uma política de estímulos com modelo voltado para o exterior. Acredito que o Brasil está estabelecendo condições para ter uma indústria de informática avançada.
CONTRABANDO
O contrabando ainda atrapalha muito o mercado brasileiro de informática e cria dificuldades de referenciar seu produto. Nós estamos fazendo uma tentativa de ganhar uma fatia do mercado de impressoras pequenas, por exemplo. Lançamos a impressora Versat que custa US$ 250.
Nossa produção é de 500 unidades por mês. Já o contrabando dessas máquinas atinge cerca de 5.000 por mês. Mas o brasileiro não tem garantias nem paga os impostos como nós.

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