São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 1994
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Turno afeta saúde mental

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Profissionais que trabalham em turnos da madrugada ou alternados são vulneráveis à síndrome de depressão, segundo revelam duas pesquisas acadêmicas.
Um estudo da professora Eliane Chaves constatou que a maioria das enfermeiras de dois hospitais paulistanos padece de distúrbios psicossomáticos e enfrenta desgaste em seus relacionamentos familiares.
"Além de ansiedades geradas pela precariedade no atendimento, a pobre relação social nesse período contribui para agravar ainda mais o quadro depressivo do trabalhador noturno", afirma o professor Esdras Vasconcellos, orientador da pesquisa.
Situação similar foi detectada pelo psiquiatra Luiz Henrique Borges, pesquisador da Fundacentro, em relação a operários da Cosipa escalados para trabalhar em turnos alternantes. Eles formavam o grupo mais atingido por distúrbios mentais, entre os quais ansiedade e depressão.
"Os turnos alternantes dessincronizam o ritmo biológico, principalmente alterações na quantidade e qualidade do sono, além de repercutir na vida social e familiar dos trabalhadores", afirma o psiquiatra.
A época do levantamento, conduzido em meados da década passada, transtornos mentais constituíam a segunda causa de afastamento do trabalho na siderúrgica, depois da leucopenia (doença do sangue causada pela exposição ao gás de benzeno).
É curioso notar que os funcionários do escritório, não diretamente envolvidos com a produção, apresentavam a menor frequência de distúrbios mentais, embora fossem os que mais consumiam calmantes. Explicação para a aparente contradição: drogas camuflam sintomas psico-emocionais. (NB)

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