São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 1994
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Executivo bem pago anseia por mudanças

JERRY MOSKAL
DO "USA TODAY"

Altos salários, escritórios espaçosos e participação acionária não são mais suficientes para satisfazer os altos executivos das empresas nos Estados Unidos. Na verdade, 75% dos profissionais de alto escalão entrevistados para um estudo da Universidade Cornell mostraram-se dispostos a enfrentar uma mudança profissional.
"Estamos descobrindo que quanto mais ambicioso é o executivo, mais insatisfeito ele está", conta John Boudreau, professor de relações entre patrões e funcionários da Universidade Cornell. Boudreau realizou a pesquisa em 1992 a pedido da consultoria Paul Ray Berndtson, de Nova York, especializada na procura de profissionais especialmente capacitados e talentosos para o topo das empresas. Os resultados foram analisados em 1993.
O questionário –71 perguntas sobre satisfação no emprego e questões relativas a trabalho, família e procura por oportunidades– foi respondido por 1.388 executivos de primeiro escalão (93% homens) com o seguinte perfil médio: 46 anos, salário de US$ 156 mil por ano e de organizações com 4.920 funcionários. 43% têm cônjuges que trabalham fora e 20% são executivos principais, com remumeração entre US$ 161 mil e US$ 300 mil anuais. Alguns chegam a ganhar mais de US$ 1 milhão, incluídas as participações acionárias.
Trabalho X lazer
Na média, esses profissionais querem reduzir sua carga horária semanal de trabalho de 56 para 49 horas e aumentar suas horas de lazer de 13 para 19 horas. Mesmo assim, 38,5% dos entrevistados indicaram o trabalho como o elemento mais importante em suas vidas. Para 34,5% a família foi apontada como o mais importante, enquanto 14,6% escolheram o lazer, 7,9% a religião e 5,7% a comunidade.
A maioria dos executivos também afirmou que o setor em que trabalha ou o local de seu trabalho não influencia seu emprego. Mais da metade afirmou já ter recebido outras ofertas de emprego e 76% contaram que lêem anúncios em jornais ou outras publicações. Cerca de dois terços já revisaram o currículo ou conversaram com amigos ou parentes sobre perspectivas de trabalho.
Os executivos principais, aparentemente pelo fato de estarem no auge da carreira em suas empresas, revelaram maior tendência a procurar satisfação no emprego, através de aumentos salariais, do que os demais executivos, mais interessados em melhores oportunidades de carreira e trabalho.
Mudança de emprego
Boudreau afirma que uma nova pesquisa está sendo realizada para determinar quantos dos participantes que se disseram interessados em obter outra colocação realmente mudaram de emprego um ano depois.
Para Paul Ray Jr., executivo-chefe da Paul Ray Berndtson, que tem 27 escritórios em todo o mundo, os fatos revelados pelo estudo não indicam necessariamente que os executivos estejam realmente procurando outros empregos. Ele acredita que muitos podem estar explorando oportunidades para conseguir promoções e aumentos salariais dentro das empresas nas quais já trabalham.
"Acho que quando se atinge a posição de executivo principal, o maior salário da empresa, começa-se a voltar a atenção para outros aspectos da carreira que também são importantes", avalia Ray.
Ele mesmo, veterano com 15 anos de experiência no ramo de "headhunting" em uma empresa que preenche 500 cargos de primeiro escalão por ano, confessa que às vezes se sentiu tentado pelas oportunidades de trabalho que passam por sua mesa. A tentação, no entanto, passa logo porque ele diz gostar mais "do desafio de continuar construindo a empresa."

Tradução de Clara Allain

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