São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 1994 |
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Saída de Marchais muda cara do PCF
FERNANDA SCALZO
A renovação, que se impôs pelas inúmeras dissidências dentro do partido, tornou-se realidade desde 29 de setembro último, quando Georges Marchais anunciou que deixaria o posto de secretário-geral do PCF, que ocupa há 22 anos. Mais do que o fim do centralismo democrático decretado pelo novo manifesto do partido (aprovado por 96% dos delegados na última quinta-feira), a saída de Marchais é que vai mudar a cara do PCF. Ainda que o próprio escolha seu substituto à sua imagem e semelhança, não haverá um homem-forte tão forte quanto ele. Órfão com o fim da URSS e abandonado pelos irmãos (o Partido Comunista Italiano preferiu passar a se chamar Partido Democrático da Esquerda), o PCF tem que enfrentar, além do fim do comunismo, a derrocada da esquerda francesa. Seu discurso de "esquerda radical" em oposição à "esquerda oportunista" dos socialistas, não tem convencido o eleitorado. Nos últimos dez anos, o PCF perdeu 50% de seus votos e milhares de militantes. Os grupos reformistas do PCF acusam Marchais de ter deixado o partido envelhecer e enfraquecer. Mas em seu discurso na última quarta-feira, o secretário-geral definiu o PCF como um "partido moderno onde deve reinar a confiança, a liberdade de tom, a escuta e o espírito de equipe". Um cenário otimista para um partido ameaçado de extinção. Junto com Marchais, dois de seus oponentes saem também do comitê central do PCF: Roland Leroy, que deixa ainda a direção do jornal comunista "L'Humanité", e o "refundador" Charles Fiterman. O grupo dos "refundadores", que tem jornal e organização própria, funciona como uma tendência interna, que força o PCF ao pluralismo na prática. Texto Anterior: Crescimento dos EUA é metade do necessário Próximo Texto: Secretário aponta o sucessor Índice |
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