São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Flamengo joga hoje em crise

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O Flamengo que enfrenta hoje o Santos é um clube em crise.
Jogadores rebelaram-se contra o técnico Carlinhos, a equipe completa na quarta-feira três meses sem receber salários e a campanha presidencial do clube saiu dos corredores e chegou ao time.
O presidente Luís Augusto Velloso promete para terça-feira o pagamento dos salários de dois meses.
Se não fizer isso, a lei permite que os jogadores sejam liberados automaticamente pelo clube.
O Flamengo deve cerca de R$ 15 milhões à Receita Federal e à Previdência. No cotidiano, a penúria cria situações constrangedoras, como a do lateral-direito Jura.
Ele foi contratado para o Campeonato Brasileiro com a promessa de morar num apartamento do clube no Morro da Viúva (zona sul).
Mas o Flamengo não tem dinheiro para fazer a reforma necessária para o apartamento ficar habitável.
Enquanto isso, Jura dorme na concentração de jogadores amadores, com "toque-de-recolher" às 23h30. Se se atrasar, não pode entrar.
Dinheiro é uma das maiores reclamações. O principal atacante reserva, Paulo Nunes, disse que deve R$ 1.000,00 ao banco e não tem como pagar.
No mês passado, o meia defensivo Marquinhos disse ter recebido ordem de despejo do apartamento onde mora.
Na sexta-feira, Paulo Nunes rebelou-se contra Carlinhos. "Para mim, é melhor ir para casa porque ele não me põe para jogar."
O lateral-direito titular Charles irritou-se porque foi substituído por Jura no meio do treino.
Na véspera, o vice-presidente de futebol, Paulo Dantas, demitiu-se para apoiar o empresário Kleber Leite, candidato de oposição à presidência do clube.
A saída de Dantas provocou mais preocupação entre os jogadores sobre o futuro do Flamengo.
Velloso tentará a reeleição em dezembro. O terceiro candidato, que pode se aliar a Kleber Leite, é Júlio Gomes.
Torcida
As torcidas organizadas do Flamengo fizeram um pacto para realizar hoje o "jogo da paz".
Pelo menos 11 pessoas ficaram feridas na última vez que a torcida do Santos veio ao Rio, dia 11, num confronto com vascaínos no estádio de São Januário.
A PM vai formar uma barreira de policiais entre as torcidas. Será proibido entrar no Maracanã com mastros de bandeiras.
No time, o técnico Carlinhos só decide de manhã se escalará Hugo ou Rodrigo no meio-campo.
No ataque, Sávio pode se aproximar do líder da artilharia do campeonato. Ele tem sete gols. Túlio, do Botafogo, acumula dez.

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