São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empate no Maracanã é feito de gigante

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O surpreendente Santos cai na cova da serpente: arrancar mesmo que seja um empate do Flamengo, lá no Maracanã, é feito pra gigante.
O Mengão, claro, é ainda um time em formação, portanto passível de fazer uma besteira. Trata-se de uma garotada habilidosa, que tem em Sávio sua maior estrela. O diabo é que, lá no Maracanã, aquela camisa joga sozinha, como se o número 8 fosse o Dr. Rúbis, o 10, o Galinho, o 3 o Divino e assim por diante. Quem resiste a esses vodus?
A rodada, para os paulistas, neste fim-de-semana, pode acabar assim como uma partida de futebol: empate, derrota ou vitória.
Começou com a rodada de ontem. Isto é: mesmo sem adivinhar o resultado do jogo entre Palmeiras e Sport, não há dúvida que o time do técnico Wanderley Luxemburgo é o melhor do Brasil, disparado. O melhor elenco, e, ainda por cima, cumpre a campanha mais vitoriosa, em todos os sentidos. Além de sólida defesa, um ataque arrasador. Em qualquer partida, pode sair perdendo, que tem nervos e bola pra virar o jogo. Pode sair na frente, que tem juízo para não facilitar.
Além do mais, tem no banco Maurílio, o Fedato da atual Academia. Quem se lembra do Fedato? Pois foi mais que um jogador, um talismã, um inexplicável prodígio, um ás na manga do velho mestre Brandão, que regia a penúltima Academia do Palmeiras, aquela que encantou a galera na primeira metade dos anos 70.
Pois o Fedato parece ter reencarnado em Maurílio, que, vira e mexe, sai do banco para assegurar, em 10, 15 minutos de jogo, o seu golzinho, muitas vezes, salvador.
O Guarani de Carlos Alberto Silva e Amoroso, esta tarde, entra em campo com cheiro de empate. Mesmo tendo cumprido a segunda melhor performance; ainda que jogando em casa, pega um Inter carne de pescoço.
Há tempos ouço o crepitar da fogueira acesa no Morumbi, onde serão incinerados os restos de um rei que reinou por duas gestões, as mais gloriosas, por sinal, da história tricolor. Agora, vêm à tona duas histórias escabrosas dos bastidores desse reinado: um contrato leonino, que entrega o São Paulo de mãos atadas à uma empresa de marketing da qual ninguém nunca havia ouvido falar, e uma fita cassete altamente comprometedora de uma transação que não ocorreu entre o clube, o jogador Mário Tilico, o Valencia e Todé, um tipo esquivo que negocia passe de jogadores daqui pra lá.
É, pelo visto, nem tudo que reluz é ouro, como dizia a sábia vovozinha. Mas tudo que é de ouro reluz. E seduz.

Texto Anterior: Edinho 'estréia' hoje no Maracanã
Próximo Texto: Portuguesa tenta hoje afastar 'fatalidade'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.