São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Nelore rende US$ 3 milhões em Uberaba

SÉRGIO PRADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O sucesso de faturamento nos leilões foi o ponto alto da 23ª Exposição Internacional de Nelore (Expoinel), encerrada no último sábado em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
Foram comercializados 456 animais, que renderam R$ 2,6 milhões, equivalentes a US$ 3,06 milhões.
``A nova data (antes ocorria em abril) e local foram determinantes para o fortalecimento comercial da feira, que era itinerante e agora pode permanecer em Uberaba", afirma Eduardo Biaggi, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB).
O maior pregão ficou com a Nova Índia Genética, realizado dia 28 de setembro, quando foram quebrados três recordes nacionais.
No remate, a vaca Bilava VI foi comercializada por R$ 150 mil (US$ 174.418), um embrião saiu por R$ 24 mil (US$ 27,9 mil) e a média com a venda de 43 lotes atingiu R$ 14 mil (US$ 16.279).
``Apesar deste resultado excepcional, temos de ter em mente o enorme abismo existente entre os animais de elite e os criados a campo", diz Dirceu Borges, um dos sócios da Nova Índia.
Segundo ele, os fazendeiros de ponta são responsáveis por expandir a melhoria genética já existente no rebanho bovino. Ele aponta a transferência de embriões como uma das formas de ``socializar" a pecuária.
Mas nem só de leilões viveu a Expoinel. Um dos principais temas entre os criadores foi sobre o futuro da agropecuária com a posse do novo governo.
O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rômulo Kardec de Camargos, quer que os produtores sejam ouvidos para o planejamento da nova política agrícola.
Camargos entende que o governo deve valorizar a produção através de incentivos e até subsídios, além de diminuir a carga de tributos sobre os produtos primários.
``Poderíamos fazer uma espécie de câmara setorial, onde governo, produtores e comerciantes planejariam uma forma única de atuação", sugere a pecuarista Arlinda Cristina Borges.
Ela diz que a agropecuária responde hoje por 12% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a US$ 48 bilhões, ``mas poderia ser muito maior caso houvesse maior atenção à pesquisa e melhoria de produtividade".
Outro ponto alto da feira foi o interesse estrangeiro, em especial do México de levar material genético. Estiveram também em Uberaba representantes do Paraguai, Bolívia, Colômbia e Costa Rica.
``Levamos em 93 mais de 15 mil doses de sêmen através dos Estados Unidos. Este ano queremos comprar diretamente do Brasil", disse Felipe Suarez Vela, presidente da Associação Mexicana de Criadores de Zebu.
Em conjunto com a ABCZ, Vela aproveita para acertar no Ministério da Agricultura um protocolo que facilite os negócios entre os criadores, sem intervenção dos governos. No México, protocolo semelhante já foi assinado.
Vela adiantou ainda que o Banco de Comércio Exterior mexicano negocia com bancos brasileiros o financiamento de consórcios entre pecuaristas dos dois países.

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