São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Manaus quer formar pólo de floricultura

BRUNO BLECHER
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS (AM)

Um grupo de produtores e empresários avalia a implantação de um pólo de produção de flores tropicais, voltado para a exportação, na capital do Amazonas.
O projeto foi lançado na semana passada durante o ``Inter Flor Norte", congresso organizado pela Primon Editora, de Holambra (SP), que reuniu floricultores, distribuidores, técnicos e paisagistas no Tropical Hotel de Manaus.
``A grande vantagem da região é o clima, que permite a produção de flores e plantas de excelente qualidade e a preços competitivos", diz o pesquisador Carlos Eduardo Ferreira de Castro, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Segundo Castro, vários grupos de flores de corte (helicônias, orquídeas, antúrios e gengibre ornamental) e de vaso (marantas, bromélias, palmeiras e filodendros) podem ser cultivados com sucesso na região amazônica.
As flores tropicais estão em franca ascensão no mercado internacional, já plenamente abastecido de espécies convencionais.
``O mercado hoje está carente de novidades", diz Castro, destacando que a logomarca `Amazônia' pode ser um excelente instrumento de marketing no exterior.
Francisco José Gemma Bongers, diretor da Cooperativa Holambra, acrescenta que existe hoje uma forte demanda por arranjos exóticos no exterior.
``Decoradores e paisagistas da Europa e dos EUA buscam flores diferentes e novas formas de plantas e folhagens", afirma Bongers.
As metas do projeto amazônico são ambiciosas. A área prevista para o pólo é de 300 hectares, com objetivos de criar 3.000 empregos diretos e exportar US$ 15 milhões a partir de 1997.
No ano passado, as vendas externas da floricultura brasileira não ultrapassaram US$ 13 milhões.
``Temos potencial para exportar muito mais. O mercado mundial de floricultura movimenta US$ 55 bilhões anuais e tem crescido em média 12% ao ano", diz Castro.
Zona Franca
Outra vantagem do pólo de Manaus é o custo do frete, que pode ser reduzido em função da Zona Franca.
``O aeroporto de Manaus recebe vários vôos internacionais que abastecem com componentes as indústrias locais. Os aviões retornam aos seus países de origem com espaço de carga ocioso", afirma Carlos Eduardo de Castro.
Com o apoio da Prefeitura de Manaus e da Suframa, o projeto será desenvolvido pela iniciativa privada em parceria com o Sebrae e o IAC, que serão responsáveis pelo treinamento de mão-de-obra e assistência técnica.
O pólo atraiu o interesse de produtores filiados à Cooperativa de Holambra.
``Por enquanto estamos só avaliando a possibilidade de estender um braço na Amazônia", disse Jorge Luiz Ferreira, um dos 15 investidores de Holambra presentes ao Inter Flor Norte.
A maioria dos produtores interessados, porém, espera incentivos do governo para se instalar na região, como terra a preço subsidiado e linha de crédito de investimento com três anos de carência e sete anos para amortização.
``Para dar certo, este projeto precisa definir fases de maturação, tem que ser rigoroso na seleção das empresas e não pode eliminar o risco que faz parte de qualquer empreendimento", alerta Francisco Bongers, diretor da Holambra.

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