São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Método contra HIV atua como 'soro anti-Aids'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cientistas apresentaram hoje em Londres detalhes do método de combate à Aids através de transfusões de sangue.
O método, chamado "imunoterapia passiva", pode reduzir até cinco vezes a mortalidade causada pela Aids e até três vezes a chance de a doença se manifestar em portadores do vírus.
A técnica traz ainda a vantagem de não provocar efeitos colaterais, como faz o tratamento com AZT, por exemplo.
A terapia pode ser comparada ao tratamento com soro antiofídico dado a pessoas picadas por cobras.
Abraham Karpas, da Universidade de Cambridge, Reino Unido, teve a idéia de criar um "soro anti-Aids" ao notar que há várias pessoas que vivem anos com o HIV sem desenvolver a doença.
Ele sugeriu que os anticorpos dessas pessoas estavam sendo eficazes contra o vírus.
O médico decidiu então retirar sangue dessas pessoas e purificá-lo, num processo que lembra a produção do soro antiofídico.
HemaCare, uma empresa dos EUA, fez testes do soro anti-Aids em 220 voluntários por um ano.
O resultado, publicado na revista médica "Blood", precisa ser confirmado com estudos maiores, mas sugere uma redução de cinco vezes na mortalidade por Aids.
Uma outra pesquisa, realizada na França pelo Instituto Nacional de Transfusão de Sangue, concluiu que o soro anti-Aids pode reduzir em até três vezes as chances de um portador do HIV desenvolver a doença.
Karpas desconfia que os doadores também sejam beneficiados. O organismo deles seria estimulado a produzir mais células de defesa saudáveis, para repor as doadas.
Uma das desvantagens do processo é que ele exige um fornecimento contínuo de doadores de sangue.
Isso ocorre porque o soro anti-Aids "não elimina o vírus do organismo", disse Karpas.
O resultado é que a pessoa sob tratamento precisa receber doses regulares do soro anti-Aids. É como se alguém recebendo um soro antiofídico fosse constantemente picado pela cobra.
Apesar de ser considerado uma técnica cara e trabalhosa, o FDA, órgão que regulamenta o mercado de remédios nos EUA, deu permissão para a empresa dos EUA realizar testes em grande escala, com centenas de voluntários.

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