São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994 |
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Sem-voto do PT e bancada vão à luta
CARLOS EDUARDO ALVES
A participação ou não no governo FHC não deverá causar uma grande polêmica. Nenhum setor expressivo do PT encara como real a possibilidade de ganhar cargos na futura administração. O temor, entre as correntes, fica por conta da posição da ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina, que se sentiu abandonada pelo partido na sua campanha ao Senado. Convite de FHC Se aceitar um convite tucano, o cientista político Francisco Weffort levará junto sua expressão pessoal, mas sem peso nos grupos petistas. O embate que está anunciado é entre os ``sem-voto" que hoje são maioria na direção do PT e pertencem aos grupos da esquerda e extrema-esquerda da legenda e os que sairão reforçados das urnas. ``Temos que superar a dictomia entre a máquina e a franja social social que nos apóia. Com a atual direção isso é impossível", afirma o deputado federal José Genoino, favorito para se tornar o parlamentar petista mais votado em São Paulo. Para Genoino, os grupos esquerdistas que dominam o PT desde meados de 93 são ``insensíveis" à representatividade social. ``A direção brigou com a base social e a bancada", diz Genoino, que se declara disposto ao entendimento com as áreas de centro do espectro petista para tentar a mudança de rota política. O raciocínio de Genoino é que, para se tornar uma alternativa real de poder, o PT tem que ampliar suas alianças e, principalmente, dar mais peso à importância de suas bancadas. Cabresto na bancada O confronto já pode ser vislumbrado aí. Rui Falcão, o atual presidente petista e representante na cúpula da ala esquerda do partido, aposta que o caminho de reorganização do PT passa também pela ``ação institucional mais coordenada com o partido para evitar o individualismo". A retórica esconde, no entender dos moderados, a tentativa de manter o cabresto na bancada federal do partido. Falcão argumenta que as bancadas petistas serão maiores na próxima legislatura e que é necessária a atuação conjunta com a direção partidária para que o PT não se desfigure. O presidente petista também sinaliza outro dos nós que terão que ser desatados pelo partido: ``Temos que retomar os vínculos com as lutas sociais", diz Falcão. No jargão interno, trata-se de prioriozar a ação por fora dos limites do Parlamento, uma velha polêmica da esquerda que o PT não conseguiu resolver ainda. A direção nacional petista será renovada entre junho e julho do próximo ano. Os primeiros confrontos estão marcados para fevereiro, com a escolha de novas direções municipais. Confronto Um dos cenários prováveis é que a falta de vida dos núcleos que antes agitavam o PT favoreça a manutenção da atual cúpula. Genoino, no entanto, acha que o caminho será outro. ``Já nos encontros municipais será impossível ignorar a voz das urnas", afirma. No fundo, o confronto petista pós-derrota de Lula remete a outra velha polêmica de esquerda: partido de massas x partido de quadros. A opinião de Lula e o mapa dos vencedores petistas de hoje pode definir a disputa. Mas é impossível prever hoje o resultado da conflagração anunciada. Texto Anterior: O DIA DE FHC Próximo Texto: 'Solidariedade' evitará crise no partido, afirma Falcão Índice |
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