São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Medicina exige mais dedicação

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

O curso de medicina continua sendo uma das carreiras mais concorridas. No último vestibular da Fuvest, apresentou a nota de corte (número de acertos necessários para passar à segunda fase) mais alta, 49 –das 72 questões.
Medicina é, sem dúvida, o curso que exige mais dedicação do estudante. São seis anos na faculdade, mais o período de residência e especializações.
O médico deve também continuar estudando ao longo de sua carreira, para estar sempre atualizado com os avanços científicos.
``Quem vai fazer medicina tem que ter vocação, prazer de servir. Se a pessoa tem isso, vai ser feliz na profissão", aconselha José Aristodemo Pinotti, professor de ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
Um dos mais graves problemas que a área de medicina enfrenta no Brasil atualmente é o pouco caso das autoridades em relação à saúde pública. Isso acaba prejudicando a formação dos médicos e seu trabalho posterior em hospitais.
``A profissão em si é muito gratificante, mas no contexto de crise socioeconômica do país a profissão enfrenta graves problemas. Não há mais bons modelos. As escolas de medicina se proliferaram de forma irracional", afirma Miguel Srougi, 47, urologista e professor-associado da Faculdade de Medicina da USP.
``Nossos governantes, com felizes exceções, transformaram a saúde em balcão de negócios escusos e de trocas de favores pessoais, destruindo a promissora estrutura médico-hospitalar edificada entre os anos 40 e 60. Hoje os doentes vão para os hospitais públicos para fazer medicina legal, não mais para serem tratados. A medicina preventiva não existe mais. Um doente com câncer chega a esperar cinco meses na fila para ser atendido. Aí pode ser tarde demais", diz. Para Pinotti, ``medicina se resume no ato médico. O encontro de quem sofre com quem pode curar. É uma profissão sacrificada, o trabalho é grande, não se ganha muito. O médico tem que se sentir gratificado pelo prazer de servir".

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