São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Governo terá 15 dias "decisivos" para conter alta de preços, diz Ciro

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, considera que os próximos 15 dias são um período decisivo para o Plano Real. Para ele, evitar aumentos de preços abusivos ou especulativos é essencial para mostrar que o Plano Real não é uma ``miragem eleitoreira".
Ciro inclui nessa estratégia a redução do preço dos combustíveis. ``O governo dá o exemplo de que não há razões para aumento generalizado de preço; ao contrário, há motivo para redução", disse.
Ciro sabe, por experiência pessoal, que há um temor na população de que o Plano Real duraria só até as eleições, para eleger Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o ministro, certos setores vão tentar subir preços nos próximos 15 dias, só porque passaram as eleições.
Ele admitiu que está lançando um ``fogo de barragem", espécie de artilharia preventiva, porque não identificou bem os setores que tentam especular. ``Mas estou prestando atenção."
Em almoço com integrantes da Associação dos Jovens Empresários, Ciro ouviu executivos informando que seus fornecedores estavam forçando aumentos de preço.
Sua resposta: ``Não paguem, reajam e me avisem". Ciro sacou quatro armas contra aumentos abusivos: reduzir imposto de importação, aumentar imposto de exportação –ou mesmo proibi-la para forçar a venda interna de certos produtos–, cortar crédito público e aumentar a pressão da Receita Federal.
Perguntado sobre a eficácia dessas ameaças, comentou: ``Em uma semana de ministério, reduzi o imposto de importação de 5.000 produtos. Já deu para me conhecerem".
Vencidos esses 15 dias críticos, o ministro acredita que se poderá entrar em uma ``agenda positiva" do Plano Real. Trata-se dos entendimentos –``inclusive com o presidente eleito"– em torno das reformas estruturais.
Em Fortaleza, várias pessoas perguntaram a Ciro se o dólar agora, depois das eleições, ia subir. O ministro saiu-se com mais uma de suas tiradas. Disse que agora quem regula o dólar é o mercado, não o Banco Central.
Confrontado com a observação de que qualquer movimento do BC afeta a cotação do dólar, admitiu: ``Está bem, o BC não é mais a babá do dólar. É só o guarda noturno."

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