São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Perfil de governo

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso, que continua foragido, é que não vai aparecer para esclarecer a grande dúvida, agora.
Aquela dúvida que a televisão brasileira trata como o perfil de seu governo, mas que no mundo surge um pouco antes.
Ninguém parece saber quem, o que ou qual é Fernando Henrique, o presidente eleito.
Na CNN, de início, chegaram a falar em ``social-democrata de centro-esquerda". Ontem, talvez avisados, tiraram de cena isso de ``centro-esquerda".
Na RAI, por outro lado, falam abertamente em ``candidato de centro-direita", talvez porque a rede italiana conta com enviado especial, vendo tudo.
Na TVE, espanhola, ficaram com a descrição mais cuidadosa, ``social-democrata". Afinal, se não é o perfil ideológico de FHC, é o título dado ao seu partido.
Saber perder
Vale para Lula. Ontem o petista e comandados seguiam buscando culpados, fora do PT, longe deles mesmos, para a sua derrota.
Lula, aliás, ``em nenhum momento assumiu a derrota". O coordenador da campanha chegou a enumerar dados de vitória:
– O PT sai fortalecido. Quanto à bancada, ela vai crescer. A gente vai ter mais deputados do que o PSDB. Mais uns três ou quatro senadores. O PT tem chance de eleger três governadores, pelo menos. Portanto, sai fortalecido.
O próprio Lula, no Jornal da Record, evitou falar em derrota, dando sequência ao discurso que busca ver apenas boas notícias:
– Nós vamos ser o partido que mais vai crescer. Nós vamos ter surpresas extraordinárias. O nosso partido será uma das maiores bancadas no Congresso Nacional.
É até engraçado, o otimismo petista, que procura ver o lado bom da derrota quando tinha tudo, de início, para a goleada.
Não que alguém acredite, para além da chamada base, por mais que ele pose só com os vitoriosos, como Benedita da Silva.
Um exemplo do descrédito do jogo petista foi a ironia usada na televisão, como numa manchete impiedosa do TJ, ontem:
– Lula diminuiu seu fracasso valorizando aumento da bancada.
Acabou
Ontem na televisão e no rádio, Sepúlveda perdeu a paciência com as desculpas dadas por este ou aquele derrotado, contra a eleição:
– Está na hora de parar com acusações genéricas. Tenho o maior respeito por quem formula, mas eu exijo igual respeito.

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