São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Dinheiro "some" do mapa na era high-tech

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Em Washington o passageiro do metrô usa dinheiro vivo muito raramente. Compra um cartão com uma faixa magnética onde está registrado o valor.
Cada vez que o passageiro passa o cartão numa catraca é descontado o custo da viagem. Quando o cartão fica a zero, o passageiro tem a opção de ``recarregá-lo" na própria máquina onde comprou. Tudo eletronicamente.
Com isso os operadores do metrô da capital americana praticamente se livraram da tarefa de lidar com papel moeda e reduziram os custos de pessoal.
Uma vez tendo comprado um cartão de US$ 20, por exemplo, o passageiro pode esquecer daquela batalha infernal para achar a moeda que completa uma passagem no fundo da bolsa ou do bolso.
Dinheiro, cash, gaita, tutu, grana. Um dia esse objeto do desejo ainda vai parar no imaginário, transformado de vil metal em impulso eletrônico.
Nos Estados Unidos não é de hoje que o papel moeda está perdendo espaço para o dinheiro de plástico. Consulte a carteira de qualquer americano e você vai encontrar, em média, cinco cartões de crédito. Toda grande loja daqui, todo posto de gasolina, toda companhia telefônica emite seu próprio cartão.
No dia-a-dia, o consumidor usa dinheiro vivo para as miudezas. Um jornal numa banca, um lanche rápido na esquina.
Mesmo assim, essas operações representam 80% de todas as transações comerciais no país. Por isso várias empresas estão investindo na criação do assim batizado ``dinheiro eletrônico", que funcionaria mais ou menos como o que é usado para pagar o metrô em Washington.
Um dos sistemas em fase de testes prevê que, por US$ 50, o usuário tenha em casa um telefone especial ligado a seu banco com capacidade para receber impulsos eletrônicos e ``carregar" um cartão magnético de valor. Em resumo, em vez de passar no caixa automático e tirar dinheiro vivo, o consumidor ``coloca" a quantia desejada em seu cartão.
Os lojistas, de sua parte, investiram US$ 200 numa máquina de leitura magnética capaz de descontar o valor do cartão. Usando o mesmo tipo de telefone especial, o dono da loja seria capaz de transferir os impulsos recebidos diretamente para sua conta bancária, ficando livre do papel moeda e, em tese, dos assaltos.
O sistema apresenta mais vantagens para os bancos e os comerciantes do que para o consumidor.
O usuário ficaria livre do inconveniente de lidar com moedas e esperar o troco, mas em compensação perder um cartão ``carregado" seria o mesmo que jogar dinheiro fora.
Os lojistas e os bancos ganhariam mais porque contar e guardar papel moeda custa caro: de cada dólar recebido ou depositado, cerca de 4 centavos são gastos nas operações envolvidas em lidar com o dinheiro vivo.
Além disso, os banqueiros obviamente criariam mais uma ``taxa de serviços" para arrancar alguns centavos da gente.
Mas e os tais cartões de crédito, já não oferecem a mesma conveniência? Não exatamente. Como no Brasil, nos Estados Unidos qualquer compra grande exige uma consulta eletrônica e aprovação pela operadora do cartão. Já o ``dinheiro magnético" seria equivalente ao papel moeda.
Os analistas acham que o novo sistema será conveniente para quem gosta de fazer compras à distância, aqueles que ``frequentam" os shopping centers eletrônicos das redes de computador ou da TV.
Nesse caso, depois de escolher a mercadoria na telinha, o telefone especial poderia ser utilizado para transferir impulsos magnéticos equivalentes ao valor da compra. Se era preciso mais um motivo para agarrar as ``verdinhas", aí está: um dia elas ainda vão virar peça de colecionador.

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