São Paulo, quinta-feira, 6 de outubro de 1994
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Seita leva 48 pessoas à morte na Suíça

CLAUDINÊ GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BERNA

O que pode ser o primeiro caso de suicídio coletivo de membros de uma seita na Europa ocorreu na madrugada de ontem, na Suíça.
Morreram 23 pessoas em uma fazenda em Cheiry, no Cantão de Friburgo, e pelo menos 25 em dois chalés em Granges-sur-Salvan, no Cantão do Valais, a 160 km de distância.
É provável que haja mais vítimas em um terceiro chalé em Salvan ainda não totalmente inspecionado pela polícia.
Tanto a fazenda como os chalés foram destruídos por incêndios premeditados e muitos cadáveres foram carbonizados, dificultando sua identificação.
As vítimas seriam membros da seita Ordem do Templo do Sol, fundada pelo médico-homeopata de origem suíça Luc Jouret, 47, e que teria ramificações no Canadá, na França e provavelmente também na Bélgica.
A maioria das 23 vítimas de Cheiry foram baleadas na cabeça, algumas estavam encapuçadas com sacos de plástico e amordaçadas. Ainda assim, a polícia trabalha preferencialmente com a hipótese do suicídio coletivo.
Os cadáveres foram encontrados no estábulo da fazenda, transformado numa espécie de templo.
No local, a polícia encontrou documentos intactos e uma fita cassete que poderão dar subsídios às investigações. Ontem, 16 cadáveres foram identificados: sete pessoas eram suíças, cinco francesas e quatro canadenses.
Em Granges, no Valais, os incêndios começaram em três chalés. Em dois deles, foram encontrados 25 cadáveres, sem traços de violência. Ontem, a polícia não pôde inspecionar o último chalé incendiado, onde estariam mais corpos.
Nenhum dos 25 cadáveres havia sido identificado até o final da tarde de ontem. Salvan fica numa região turística. Nenhum dos habitantes havia notado nada de anormal sobre as pessoas que frequentavam os chalés queimados.
O prefeito da cidade havia observado um maior número de automóveis nos últimos dias, mas suspeitou de traficantes.
As mortes na Suíça provavelmente estão ligadas a outro incêndio ocorrido, na noite anterior, na província canadense do Quebec, onde também houve incêndio premeditado e dois mortos, ainda não identificados.
Nos três incêndios, as polícias suíça e canadense descobriram um sistema de gás acionado à distância e detonado através de relógio.
A casa no Quebec pertencia ao médico Luc Jouret e ao canadense Joseph Dimembro. Ambos também eram proprietários de dois dos três chalés incendiados no Valais.

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