São Paulo, sexta-feira, 7 de outubro de 1994
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`Pingentes' voltam aos ônibus de SP

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ``pingentes" –passageiros que viajam pendurados na porta dos ônibus– estão de volta em linhas da periferia de São Paulo.
O retorno dos pingentes, que desapareceram em 92 quando a média de passageiros por m2 era de 6,7, está associado ao aumento de 11,3% de passageiros após o Plano Real, segundo a prefeitura.
Os pingentes são encontrados nos ônibus que servem os extremos das zonas sul e leste. Na semana passada, ônibus da linha 3781 (Penha-Cidade Tiradentes), por exemplo, saíam do ponto inicial lotados e com passageiros pendurados na porta dianteira.
Dados obtidos com exclusividade pela Folha junto à CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) mostram que a qualidade do transporte por ônibus piorou na gestão Paulo Maluf.
Os ônibus hoje estão mais lotados e mais velhos do que no final da gestão Erundina, em 1992. E o passageiro paga mais –US$ 0,58 por viagem, contra US$ 0,29 em dezembro de 92.
Mas Maluf conseguiu, com a privatização da CMTC, reduzir os subsídios ao transporte. Para 95, por exemplo, a verba orçamentária para transporte foi reduzida em 37% em relação a este ano.
Erundina entrou na prefeitura em 89 com os ônibus transportando dez passageiros em pé por m2. Quando deixou o governo, a lotação era de 6,7 passageiros por m2, abaixo do padrão internacional, que é de 7 passageiros por m2. Hoje, em alguns pontos da cidade, os ônibus estão circulando com oito passageiros em pé por m2.
Em agosto de 92, 10.850 ônibus transportavam 5,4 milhões de passageiros por dia. Hoje, a frota caiu para 10.180 unidades e o número de passageiros subiu para 6,4 milhões. A relação passageiro/ônibus subiu de 497,6 para 628,6.
A pesquisa semestral da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), feita com usuários, mostra que a imagem dos ônibus paulistanos despencou de +62 pontos, em dezembro de 92, para +11, em junho de 94.
Segundo a pesquisa de junho, o transporte é excelente para 4%, bom para 46%, regular para 20% e ruim ou péssimo para 30%.
O presidente da CMTC, Francisco Christovam, disse que a aprovação obtida no final da gestão Erundina foi resultado de ``tarifa eleitoral e demagógica", que obrigava a prefeitura a subsidiar as empresas de ônibus com mais de US$ 400 milhões por ano.

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