São Paulo, sábado, 8 de outubro de 1994
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FHC fará ``campanha disfarçada"

GABRIELA WOLTHERS; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O virtual presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, decidiu ontem que fará uma ``campanha disfarçada" para tentar eleger seus aliados estaduais que irão disputar o segundo turno das eleições.
Pela estratégia definida, ele não subirá em palanques nem participará do ``corpo-a-corpo" com eleitores no meio da rua. Mas fará o que está sendo chamado de ``encontros casuais" com os candidatos que pretende eleger.
A prioridade máxima de FHC é São Paulo, onde o tucano Mário Covas deve disputar o segundo turno com Francisco Rossi (PDT). Mas o novo presidente receberá pressões para agir em Minas.
Pimenta da Veiga, presidente do PSDB e um dos líderes da campanha de FHC, se reuniu ontem com o presidente eleito para tentar convencê-lo a participar da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB), caso ele passe ao segundo turno contra Hélio Costa (PP) na disputa pelo governo mineiro.
Em São Paulo, a tarefa será mais fácil. A idéia é que FHC e Covas visitem juntos, por exemplo, setores da Igreja ou da sociedade civil, como artistas e intelectuais. Se necessário, FHC também gravará mensagens de apoio para seu colega de Senado.
Como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proíbe a aparição de pessoas que não sejam candidatas no horário gratuito, FHC deve redigir cartas de apoio, que irão ao ar com fotos do eventual presidente.
Além de Covas, FHC também deve se envolver proritariamente nas campanhas dos tucanos Marcello Alencar (RJ), Almir Gabriel (PA), além da do peemedebista Antônio Britto (RS).
A cúpula do PSDB considera que, com a eleição destes quatro, além das vitórias de Tasso Jereissati (PSDB-CE), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Jaime Lerner (PDT-PR) e Wilson Martins (PMDB-MS), estará formado o ``colégio de governadores".
Este ``colégio" é fundamental para a estratégia tucana de tentar neutralizar o poder do PFL no Congresso.

Esconderijo
O virtual presidente eleito Fernando Henrique Cardoso usa uma casa no Lago Sul, um bairro nobre, para descansar e tentar se esconder em Brasília.
A casa, alugada por R$ 2,3 mil pelo PSDB, passou por uma reforma há cerca de um mês. Um portão foi instalado e toda a área da casa foi cercada por uma grade metálica pintada de verde.
Em junho deste ano, o partido alugou a casa para evitar as críticas de uso de recursos públicos na campanha de FHC. O candidato foi acusado de estar usando a estrutura de seu gabinete no Senado.
A cúpula do partido entendeu que, se FHC não podia usar a estrutura do Congresso para trabalhar, devia também deixar o apartamento funcional onde mora.
A casa acabou sendo usada para reuniões de assessores da campanha e FHC permaneceu em seu apartamento na SQS 309.
Depois das eleições, passou para o novo endereço com a mulher Ruth Cardoso. O apartamento ficou para as reuniões de trabalho.

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