São Paulo, sábado, 8 de outubro de 1994
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`Derivativos' ampliam queda nas Bolsas

FIDEO MIYA; JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGM LOCAL

``O mercado está ajustando os preços à espera de uma nova fase que vai começar a partir de 1º de janeiro de 1995", afirma o diretor executivo da Brasilpar Administração de Recursos, Francisco Petros, ao justificar a queda das cotações neste início de mês.
Pela sua avaliação, os índices PL, que medem a relação entre a cotação dos papéis e o lucro projetado das empresas –apontando o prazo teórico de retorno do investimento em função do lucro– estão entre 20 e 25 vezes, o que é considerado muito caro.
Na verdade, segundo Walter Brasil, diretor de investimentos do Unibanco, as Bolsas apresentavam tendência de queda depois das eleições, por três razões: 1) realização de lucros, já que se confirmou a vitória de FHC no primeiro turno; 2) a alta dos juros nos EUA provocou um movimento mundial de ajuste nas Bolsas. A do México e a da Argentina, só como exemplos, recuaram 7,8% e 7,5% entre os dias 21 de setembro e 6 de outubro; 3) havia uma expectativa, ``infundada", de que as reformas começariam logo após as eleições, que acabou se frustrando, até porque as eleições de governador foram para o segundo turno em alguns dos principais Estados.
A velocidade e a magnitude da queda na Bolsa foram ainda aceleradas pelos mercados de ``derivativos" –opções, na Bovespa, e Ibovespa futuro, na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).
É que os especuladores que apostavam na alta após as eleições estão sendo obrigados a reverter suas operações.
A queda dos preços nos mercados futuros acaba provocando um estreitamento nas taxas de juros dos ``financiadores", que compram papéis à vista e vendem contratos futuros de índice ou de opções. A reversão das posições dos ``financiadores", que significa a venda dos papéis no mercado à vista, exerce uma forte pressão de baixa.
Segundo Fábio de Oliveira, do banco de Boston, a queda dos preços da Telebrás pode provocar uma superoferta deste papel após o vencimento. ``Os números vão ficar mais claros a partir desta segunda-feira."
Para ele, o mercado está, para quem o vê no médio prazo, em um ponto de compra. ``A estratégia é compradora, mas a tática está indefinida. Sempre é melhor comprar o papel 7% mais barato."
(FM e JCO)

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