São Paulo, sábado, 8 de outubro de 1994 |
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Ganhou a dispersão
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO – Parece claro que há só dois ganhadores nítidos das eleições de 3 de outubro, vistas em seu conjunto. Numa ponta, votou-se pela estabilização da economia. Na outra, pela dispersão.Sobre o efeito eleitoral da queda da inflação, já se escreveu tanto, até antes mesmo da votação, que se torna desnecessário voltar ao assunto. A dispersão, no entanto, foi muito menos analisada. O eleitor dá a sensação de ter procurado distribuir indistintamente prêmios e castigos, punindo em uma votação os que premiava em outra. Veja-se o caso do PMDB. Perde a eleição presidencial, perde também o governo de São Paulo, seu feudo nos últimos 12 anos, mas continua a ser o partido de maior número de deputados federais e de senadores. Pode, ainda, voltar a ser o de maior número de governadores, dependendo do segundo turno. O PFL nem sequer teve condições de lançar candidato à Presidência, mas agarrou-se a Fernando Henrique Cardoso e chega ao Palácio do Planalto pela porta dos fundos. Em contrapartida, mingua o número de governadores pefelistas: de nove, em 1990, para no máximo quatro agora, se tudo der certo para o partido. O PT perde uma segunda eleição presidencial consecutiva, mas tem a chance de, no segundo turno, eleger governadores, façanha até agora não alcançada pelos petistas. O partido cresce, igualmente, no Senado e na Câmara. O PSDB ganha a Presidência, disputa o segundo turno em dois dos três maiores colégios eleitorais do país (SP e RJ) e ainda pode concorrer igualmente no segundo maior colégio (MG). Mas o crescimento de suas bancadas no Senado e na Câmara é muito inferior ao desempenho para os cargos executivos. Já o PDT, esmagado na disputa presidencial, ainda pode levar os governos do Rio e de São Paulo e já conseguiu o do Paraná, apenas para citar os grandes Estados. Mas não há parentesco algum entre, por exemplo, Dante de Oliveira, governador eleito do Mato Grosso, e Francisco Rossi, o aspirante pedetista em São Paulo. Bem feitas as contas, tem-se que, antes como depois da eleição, a dispersão partidária permanece do mesmo tamanho. Texto Anterior: "Nós que fomos tão sinceros" Próximo Texto: Lula acabou? Índice |
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