São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Esporte invade as TVs e ganha legião de fanáticos

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE; RÉGIS ANDAKU; RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL *

``Sofatleta", desportista passivo, torcedor eletrônico, ``tevemaníaco". Os nomes são muitos para designar aqueles que assumiram o fanatismo pelo esporte na TV.
Capazes de passar a maior parte do fim-de-semana na frente da telinha, os ``tevemaníacos" do esporte se consideram especialistas.
Mas o conhecimento não resulta só do permanente banho de elétrons. Revistas, jornais e arquivos particulares são indispensáveis.
Afinal, não se pode ficar ao sabor de locutores chatos ou de comentaristas que não dizem nada.
A legião cresce a cada dia e as emissoras respondem à altura.
Se há alguns anos o telespectador acompanhava apenas o futebol italiano –além dos torneios nacionais–, hoje se delicia com pelo menos mais seis campeonatos, sem considerar os outros esportes.
O nicho mercadológico foi aberto no Brasil pela Bandeirantes há mais de uma década. Nos fins-de-semana, o ``canal do esporte" dirige mais de 50% de sua programação para o segmento.
Os programas de maior audiência da Bandeirantes são as transmissões esportivas, segundo seu diretor-executivo Juca Silveira.
O esporte é mesmo a salvação. Para exemplificar, a Gazeta/CNT aumenta a audiência para 1% nas tardes de domingo, quando transmite as corridas da Fórmula Indy em rede com a Manchete.
Ou seja, foge do traço no Ibope naquele horário, apesar de transmitir o mesmo programa que está sendo passado em outro canal.
Com uma programação irregular na área até o meio do ano, a Manchete também assumiu.
Terceirizou um bom espaço do fim-de-semana e aumentou o leque de opções dos ``sofatletas" com a ``Grande Jogada". Tirou a Indy e o Campeonato Italiano da Bandeirantes.
A atingida contra-atacou com o Espanhol. ``Fizemos a opção comercial devido a Romário e Bebeto. O Italiano perdeu interesse", afirma Silveira.
Na verdade, toda a corrida por audiência reflete a falta de opções dos canais na chamada programação ``normal", onde Globo e SBT são imbatíveis.
No final, ocupam um espaço que em outros países é das TVs a cabo ou por assinatura, que são pagas pelo usuário.
``Já conseguimos 15 pontos no Ibope com o futebol. Para a Manchete isso é excepcional", afirma Osmar Santos, um dos responsáveis pela área na emissora.
O locutor reconhece que este volume de esporte seria mais adequado em um canal privado.
``Essa é a tendência. Mas como a TV brasileira é um caso a parte, e o domínio da Globo e do SBT é muito grande, existe essa pequena distorção", explica.
No Brasil, existem dois canais por assinatura, que se digladiam pelos ``tevemaníacos": a TVA/ESPN e a Globosat/Sportv.
A primeira é propriedade do Grupo Abril e retransmite basicamente a programação da norte-americana ESPN.
A Sportv faz parte do Grupo Globosat, que pertence à Globo. Se diz a ``única programadora" na área e tem à disposição material da Globo e da Bandeirantes.
A disputa é intensa. Enquanto a Sportv acena com o Brasileiro mostrado ao vivo, a TVA responde com o Italiano, o Espanhol, o Inglês, o Holandês e a Copa dos Campeões da Europa.
Graças à ESPN, a TV da Abril ainda transmite torneios norte-americanos, com destaque para o basquete profissional da NBA.
A transmissão em inglês, porém, restringe o público. Ao contrário da Sportv, que se orgulha de legendar toda sua programação.

*Colaboraram RÉGIS ANDAKU E RODRIGO BERTOLOTTO, da Redação

NA TV A programação de hoje, para os ``tevemaníacos", está na pág. 2

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