São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 1994 |
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Chamberlain chega como `tese viva' da Bienal
DANIEL PIZA
Tem um motivo estratégico. O trabalho de Chamberlain possui trajetória e significado emblemáticos para a tese que sustenta a 22ª Bienal. O escultor, no final dos anos 50 e início dos 60, participou da reviravolta artística que para o curador da Bienal, Nelson Aguilar, formou a arte contemporânea. Outras duas salas especiais, do venezuelano Jesús Soto e do americano Robert Rauschenberg (que desembarca aqui hoje), são com a de Chamberlain a comprovação internacional da tese de Aguilar. Chamberlain falou com a Folha por telefone na sexta-feira, de seu ateliê em New Hampton (Nova York). Para ele, sua escultura é contemporânea porque nela o suporte tradicional da escultura, uma base a partir da qual ela se ergue no sentido vertical, já não existe. ``Para conseguir a espontaneidade que eu pretendia dar à escultura, foi necessário abandonar o eixo habitual, que mesmo no modernismo ainda persistia", disse. Chamberlain conta que começou essa guinada ao criar em 1957 a ``junk sculpture" –escultura feita a partir de restos industriais, como peças de automóveis. Na verdade, tratava-se de uma variedade de ``assemblage", colagem tridimensional inventada por cubistas nos anos 1910: uma ``assemblage pop", em que a referência à sociedade de consumo era chave. Por isso Chamberlain fala também em expressionismo abstrato. Nesse movimento dos anos 50, os pintores queriam que a superfície da tela expressasse uma subjetividade total. ``Uma tela expressionista abstrata nunca é igual a outra, é inconfundível", diz. ``Quis trazer essa individualidade de cada obra para o caso da escultura." Mas, se há tanta independência do autor diante do mundo, então por que o tema do consumismo atual? Chamberlain responde: ``E por que não?". Texto Anterior: Busca espiritual fertiliza a alma Próximo Texto: Monteiro põe à prova estrutura e suporte Índice |
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