São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Física exige pós-graduação

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem vai fazer vestibular para física deve ter na cabeça que vai estudar no mínimo mais oito anos.
É que o mercado para físicos absorve poucos profissionais que tenham feito apenas graduação. A maioria faz mestrado ou doutorado (mínimo quatro anos cada).
``Por outro lado o campo é muito bom para físicos doutorados", diz Gil da Costa Marques, 48, diretor do Instituto de Física da USP. ``Não conheço nenhum doutor desempregado", brinca.
A falta de mercado para profissionais que não tenham pós-graduação é apontada por Marques como uma das principais causas da grande evasão nos cursos de física.
Outro problema comum é que o curso é, tradicionalmente, puxado. ``Não é um bicho de sete cabeças, mas tem três ou quatro", diz.
Se é difícil sair, é fácil entrar no curso de física. A relação candidato/vaga é baixa (3.6 na Fuvest 94).
As bolsas de estudo de pós-graduação se tornaram uma opção profissional para jovens físicos.
``Estamos atendendo 100% da demanda", orgulha-se Marques. A bolsa de mestrado está entre R$ 400,00 e R$ 600,00 e a de doutorado entre R$ 700,00 e R$ 1.100,00.
Outro caminho comum aos físicos é o ensino de segundo grau. ``Estamos incentivando a licenciatura porque existe uma carência de bons professores no país", diz Mário Baidich, 45, coordenador de graduação do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A parte de pesquisa aplicada, ou seja, que trabalha diretamente com tecnologia na indústria, é a mais prejudicada no Brasil.
Segundo estudos da Sociedade Brasileira de Física, apenas 2% dos profissionais formados na área são empregados na indústria.
``Mas é um mercado emergente", diz Carlos Vieira, 54, coordenador de graduação do departamento de física da PUC-RJ.
Outra saída é ir para o exterior. ``Apesar das poucas verbas para pesquisa, a física no Brasil está no nível dos países desenvolvidos", diz Baidich.

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