São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
Próximo Texto | Índice

Bienal de Artes inaugura sem estar pronta

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A 22ª Bienal Internacional de São Paulo abriu ontem sem estar pronta. A principal baixa da abertura foi o trabalho de Tunga, um dos mais importantes artistas brasileiros da mostra. Os cinco sinos de Tunga, pesando cerca de seis toneladas, estavam no chão e não na viga que deveria sustentá-los no teto. A sala especial do fotógrafo português Jorge Molder e a da alemã Rosemarie Trockel também estavam vazias.
Tunga chegou a dizer anteontem que havia desistido de participar da Bienal. Ontem, ele não apareceu na abertura. Marcou uma reunião para a noite de ontem com seu marchand André Millan, na qual decidiria se participa da Bienal ou não.
``O problema não é da Bienal, é do artista", disse Nelson Aguilar, curador da Bienal. ``Ele tem que resolver um problema estrutural em sua obra".
André Millan afirmou ``ter certeza de que o problema não é na obra de Tunga".
Aguilar qualifica Tunga de ``artista fundamental" e disse que sua eventual desistencia seria ``uma grande baixa para a Bienal".
As fotos do português Jorge Molder só foram retiradas na madrugada de ontem da alfândega. A sala deve ficar pronta amanhã, segundo Edemar Cid Ferreira, presidente da Fundação Bienal.
A República da Macedônia desistiu de participar da mostra por causa de um incidente diplomático. O país foi chamado no catálogo da Bienal de Fyrom. O curador Nebojsa Vilic afirmou em nota que ``os direitos civis do artista foram negados".
Luciano Figueiredo, curador das salas especiais de Hélio Oiticica e Lygia Clark, estava enfurecido com a desorganização . ``Não tem luz", dizia na sala de Lygia Clark. ``Olha o buraco na parede. Olha o lixo, olha o entulho". O buraco era uma caixa de luz que não havia sido fechada.

Culpa das instalações
O curador Nelson Aguilar disse que as instalações são responsáveis pelo atraso.
``Bienal não é só pregar quadro na parede. A montagem não ficou pronta porque instalação é um tipo de trabalho muito complexo e já esperávamos isso. Mas para uma pessoa perceber que está faltando coisas teria que ser um fanático por catálogos".
Pedro Paulo Sena Madureira, vice-presidente da Bienal, disse que a montagem da Bienal atrasou porque a fundação só teve 30 dias para fazer a exposição.
O prazo exíguo deve-se ao fato de a bienal de arte e a bienal do livro terem acontecido no mesmo ano, segundo ele.
Edemar Cid Ferreira afirmou não ver problemas no atraso. ``É um pouco chato atrasar na montagem, mas nunca vi uma Bienal abrir tão organizada. É a primeira Bienal que abre com o catálogo pronto".

LEIA MAIS Sobre a abertura da Bienal à pág. 5-6

Próximo Texto: Rapunzel; Dry martini; Marshmallow
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.