São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Bairro de Nova York recupera prestígio

MELINDA HENNEBERGER
DO ``TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

Não peça indicações para chegar ao distrito de Flatiron. Você vai acabar se envolvendo em discussões sobre a existência do bairro.
E aí corre o risco de não ter tempo para comprar coisas que você nem sabia que existiam, nas superlojas ao longo da Ladies' Mile, ou assistir ao pôr-do-sol no Madison Square Park.
O parque fica em frente ao Flatiron Building. Construído em calcário e repleto de detalhes ornamentais em terracota, o prédio quase parece uma fatia de bolo em 21 andares, onde a Quinta Avenida se encontra com a Broadway.
Numa tarde recente, no próprio parque Madison Square, alguns habitantes de longa data do bairro ainda discutiam se o bairro leva o nome do edifício ou não.
Ninguém conseguia chegar a um consenso sobre o nome da área também conhecida como East Chelsea, Lower Midtown, Rose Hill e Photo District.
Não importa. Flatiron é um bairro que se define muito mais pelo ``revival" da área que cerca o famoso edifício do que pelos parâmetros semi-oficiais determinados pela Associação Comercial do Distrito de Flatiron.
Ela se outorga o domínio sobre tudo que fica entre as ruas 14 e 23 e entre Park Avenue South e a Sétima Avenida.
Relegada ao esquecimento durante quase três quartos de século –desde que as melhores lojas de Nova York se mudaram mais para o centro–, de alguns anos para cá a área vem renascendo como centro comercial e de vida noturna.
Em Flatiron o passado ainda é acessível. Os nomes semi-apagados de industriais do século 19 ainda mais ou menos legíveis em alguns edifícios provam isso.
Em Union Square, a feira de produtos frescos (Greenmarket) do sábado de manhã está a pleno vapor. Pessoas que têm tempo para cozinhar e cuidar de plantas parecem estar se divertindo.
Mas o silêncio reina na ponta sul do parque, na frente da estátua de George Washington erguida em 1856 para comemorar o 80º aniversário da Declaração de Independência dos EUA.
Na rua 16, entre a Union Square e a Sexta Avenida, fica o centro do universo brunch: a Coffee Shop (com menu levemente brasileiro), o Metropolis Cafe (bem decorado) e o Steak Fries (um sonho para a turma da carne e do Martini).
Na Sexta Avenida, o edifício branco que ocupa um quarteirão inteiro e hoje abriga a loja de roupas Today's Man já foi o antigo B. Altman's, entre 1870 e 1906.
Sua estrutura de ferro fundido pintado de branco é mais forte do que alvenaria. Isso propiciou aos comerciantes, que vendiam seus produtos em lojas menores, grandes espaços abertos com janelas que deixam entrar a luz natural.
Quando a loja abriu, em 1890, era a maior loja do mundo, conhecida como ``uma cidade dentro de uma cidade".
Hoje o espaço abriga a Bed, Bath and Beyond, uma loja igualmente impressionante. Os porteiros uniformizados lembram os tempos antigos, mas as multidões que frequentam o local são às vezes um pouco desanimadoras.
Sob muitos aspectos, porém, as megalojas apenas fazem o bairro voltar às origens. A lista de lojas antigas e belíssimas que vêm sendo restauradas ultimamente inclui a enorme (livraria) Barnes & Noble, na esquina da rua 21 com a Sexta Avenida.
O dinheiro se deslocou para o centro da cidade, seguido inevitavelmente por muitas das lojas e pelos hotéis finos em volta de Madison Square Park, onde antigamente os cabriolés faziam fila.
Hoje a maioria das casas de chá e chocolate foram substituídas pelos novos e onipresentes cafés. Mas, diferentemente da maioria destes, o Eureka Joe –próximo ao Flatiron Building– é um lugar realmente convidativo para quem quer descansar.
Você pode relaxar nas cadeiras antigas e confortáveis, bebericar algo estranho (um ``pistachio soda"?) e ler um jornal, ou talvez um livro antigo de uma das lojas de antiguidades e sebos na rua 18, entre a Quinta e a Sexta avenidas.
Depois, faça um passeio pelo parque durante a horinha entre o final do horário comercial e a chegada das pessoas que vão jantar em um dos novos restaurantes da avenida Park.

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