São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 1994
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Inflação volta a subir e pode ir a 3%

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Após ter registrado, no mês passado, as menores taxas em 21 anos, a inflação voltou a subir na primeira quadrissemana de outubro em São Paulo.
O Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) registrou alta de 1,36% nos preços nos 30 dias terminados em 7 de outubro, em relação aos 30 imediatamente anteriores. Em outubro, a taxa ficou em 0,82%.
Juarez Rizzieri, coordenador do índice, disse que a pressão veio basicamente dos alimentos, que ficaram 1,05% mais caros para os paulistanos, contra queda de 0,27% em setembro.
Os aluguéis também mantiveram a pressão que vêm exercendo desde a chegada do real. A alta foi de 12,51%.
O IPC da Fipe começou a mostrar também uma recuperação dos preços no setor de vestuário. Ainda em queda na primeira quadrissemana deste mês (menos 0,45%), a nova moda já começa a pressionar os preços, já que em outubro a queda havia sido de 1,82%.
A evolução de vestuário neste mês supera a inflação. Rizzieri prevê alta de 5% para este setor em outubro. O mesmo deve ocorrer com carnes e feijão, que devem registrar preços médios 20% e 40%, respectivamente, acima dos praticados em setembro.
A aceleração da taxa de inflação está bem localizada. Só com aluguel, carnes e feijão a inflação teria subido 1,21% na primeira quadrissemana.

Pressão
A Fipe refez sua previsão para outubro e espera uma taxa entre 2,5% e 3%. Antes, a previsão era mais próxima de 2,5%.
A taxa de inflação vai continuar subindo e os fatores de pressão são os mesmos que predominam atualmente: carnes, feijão, aluguel e vestuário. Os alimentos industrializados, com o fim das promoções nos supermercados, também vão voltar a pressionar a taxa. Os preços tiveram queda de 1,6% nesta primeira quadrissemana, contra redução de 2% em outubro.
Para Rizzieri, taxas de juros e importações não interrompem a trajetória de alta da inflação. A curto prazo, somente a redução do consumo pode amenizar as pressões, segundo o economista da Fipe.
Em novembro a taxa volta a recuar, subindo de novo em dezembro devido às pressões do fim de ano.

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