São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 1994
Próximo Texto | Índice

Nobel de Literatura vai para o Japão

DA REDAÇÃO

O romancista, contista e ensaísta japonês Kenzaburo Oe, 59, é o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura deste ano. Seu nome foi divulgado ontem às 9h (hora de Brasília) pela Academia Sueca, que justificou a premiação afirmando que o escritor, através de sua obra literária, cria ``um mundo imaginário onde a vida e o mito se condensam".
Entre os escritores cotados para o prêmio deste ano, estavam os portugueses Antonio Lobo Antunes e José Saramago, os brasileiros Jorge Amado e João Cabral de Melo Neto (autores de língua portuguesa nunca receberam o prêmio), o belga Hugo Claus, o holandês Cees Nooteboom, o polonês Wislawa Szymborska e o tcheco Milan Kundera.
Kenzaburo Oe nasceu no dia 31 de janeiro de 1931, na cidade de Orse, na ilha de Shikoku, sul do Japão. Terceiro filho de uma família que descende de uma tradicional linhagem de samurais, Oe conviveu com a queda do Japão tradicional, no final da Segunda Guerra (1939-1945), o que influenciou decisivamente a sua ficção.
Graduado em literatura francesa, Oe é autor de uma tese sobre a obra do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre, que ao lado de Balzac, Dante e Rabelais são suas maiores influências.
Seu trabalho mais conhecido no Ocidente é o romance ``O Grito Silencioso" (editado no Brasil pela Francisco Alves), de 1974. A história de um homem que tenta fazer as pazes com seu passado, ao mesmo tempo em que se defronta com o passado de seu próprio país, o Japão do período feudal.
Sua ficção se baseia na confrontação que há entre a humanidade e a natureza. Demostrada através da política, guerra e uma eterna inconstância moral.
Diferentemente do último japonês ganhador do Nobel, Yasunari Kawabata, em 1968, Kenzaburo Oe mergulha sua obra nas tradições do Japão para resgatar a reencarnação do passado nas esperanças e frustações que residem no presente de seus personagens.
Seu último trabalho publicado no Ocidente é ``M/T-E a Narrativa Sobre as Maravilhas da Floresta".
O escritor afirmou ontem que ``se sentia orgulhoso de que a literatura japonesa fosse merecedora desse prêmio". Disse ainda que utilizará o prêmio, no valor de US$ 960 mil, para apoiar os escritores asiáticos.

Próximo Texto: Regador; Mulher Maravilha; Peroba
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.