São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994 |
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Rapazes ficam 18 dias na mata
DANIELA FALCÃO
Os rapazes saíram de Poá (Grande São Paulo), onde moram, no dia 25 de setembro para fotografar cachoeiras em Paranapiacaba e terminaram se perdendo. Por volta das 15h de quinta-feira, os dois apareceram em uma chácara na estrada de Itaquariçu, a 30 km de onde entraram na mata. Apesar dos esforços do COE (Comando de Operações Especiais da Polícia Militar) e de grupos de busca organizados por caçadores, os dois terminaram encontrando sozinhos a saída da mata. ``Já tinha perdido a esperança. Há três dias ouvimos barulho de trem e tentamos encontrar o caminho, mas sempre voltávamos ao mesmo lugar", disse Nascimento, que acha que foi um ``milagre de Deus" ter saído com vida. Durante 17 dias, o COE realizou buscas em toda a área de Paranapiacaba, sem encontrar qualquer pista. As buscas haviam sido suspensas um dia antes dos rapazes voltarem para casa. Segundo o COE, eram remotas as chances de Lauro e Alex serem encontrados com vida porque eles haviam levado comida suficiente para apenas um dia. ``Só sobrevivemos porque encontramos duas cabanas de caçadores com mantimentos e cobertores", disse Nascimento. Os dois, que visitavam a serra do Mar pela primeira vez, afirmam que não pretendem voltar ao local. ``Nunca mais quero ver mato na minha frente", disse Rocha, que desde que voltou para casa não pára de dar entrevistas. ``Quando saí da mata, só pensava em comer uma macarronada e ver minha família", disse. Os dois só se deram conta de que estavam perdidos no final da tarde de 25 de setembro. ``Sem perceber, saímos da trilha principal e pegamos uma trilha de caçadores. Quando a neblina começou a baixar, tentamos voltar e não conseguimos", disse Rocha. Durante seis dias, os dois caminharam pela mata, sem comer nada. Apenas bebiam água. ``A gente se abraçava para conseguir aguentar o frio", disse Rocha. Entre o quarto e o quinto dia, eles acharam uma cabana de caçadores, onde encontraram feijão, sopas industrializadas e um fogão. Esse tipo de cabana é comum nessa região de Paranapiaca. Serve para encontro de caçadores, que costumam deixar utensílios e até alimentos estocados. Os estudantes afirmaram ter passado três dias nessa cabana. Eles seguiram pela mata por mais dois dias e acharam outra cabana. Nesse lugar, ficaram até ontem pela manhã. Encontraram trigo, usado para fazer bolinhos. Eles também comeram bananas. Próximo Texto: 'Delirei por causa da fome' Índice |
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