São Paulo, sábado, 15 de outubro de 1994
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Projeto refaz viagem de Blaise Cendrars

BERNARDO CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 17/10/94

As homenagens ao poeta e escritor francês Blaise Cendrars (1887-1961) começam amanhã - e não hoje conforme foi publicado. Às 10h haverá projeção de de documentário de Carlos Augusto Calil no Cinusp, na Universidade de São Paulo. Às 21h, Miriam Cendrars (filha do escritor) dá palestra na Aliança Francesa do Butantã (Av. Waldemar Ferreira, 204). Na quarta-feira - e não amanhã como foi publicado - a Pinacoteca do Estado (Av. Tiradentes, 141) inaugura a exposição "Blaise, Braise, Brasil".
Há 70 anos, o poeta e escritor francês Blaise Cendrars (1887-1961) desembarcava pela primeira vez no Brasil, aliando-se imediatamente aos modernistas. A filha do poeta, Miriam Cendrars, desembarca hoje em São Paulo, também pela primeira vez no Brasil, com uma missão. Vem tentar colocar em prática um projeto comemorativo que inclui, em 1995, a reconstituição da viagem feita por Cendrars, do Havre a Santos, em navio, com um colóquio e espetáculos a bordo.
``É uma ocasião para relembrar as relações dele com o país e sua influência sobre o movimento modernista, assim como tudo o que recebeu do Brasil e exprimiu em sua obra", diz Miriam Cendrars, autora da principal biografia do pai, ``Blaise Cendrars", ed. Balland –a edição foi revista e aumentada em 1993, com a correspondência do escritor e Paulo Prado, além de outros documentos.
A homenagem tem início na segunda-feira, com uma jornada Blaise Cendrars na USP e projeção do documentário de Carlos Augusto Calil sobre o escritor, às 10, no Cinusp. Às 21h Miriam Cendrars dá uma palestra na Aliança Francesa do Butantã (av. Waldemar Ferreira, 204) com entrada franca.
Na terça-feira, a Pinacoteca do Estado (av. Tiradentes, 141) inaugura a exposição ``Blaise, Braise, Brasil", com arquivos, livros e documentos, organizada por Aracy Amaral.
O projeto inclui ainda, para o ano que vem, a estréia de um espetáculo teatral de Joel Keravec e Frédéric Pagès sobre Cendrars, a reedição do livro ``A Aventura Brasileira de Blaise Cendrars", de Alexandre Eulálio e Carlos Augusto Calil e uma série de outras atividades (exposições, colóquio etc.).
A parte mais delirante e ambiciosa –e talvez cendrarsiana– fica com a idéia de refazer a traversia do escritor, num cargueiro, do Havre (norte da França) ao porto de Santos, passando por Recife.
``A idéia é realizar o desejo de Blaise Cendrars, que escreveu seu próprio epitáfio, onde ele descreve o lugar, o ponto geográfico, em que queria que seu corpo fosse submergido após sua morte. Recuperamos suas cinzas e elas serão jogadas ao largo de Recife, como ele queria, durante a travessia do cargueiro", diz a filha do poeta.
O projeto prevê cerca de cem pessoas num navio fretado, participando de um colóquio a bordo e diversos espetáculos e atividades ligadas ao escritor e sua obra.
A programação de Miriam Cendrars no Brasil inclui uma visita aos lugares por onde passou seu pai há 70 anos, quando frequentava os modernistas e seus mecenas (Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Paulo Prado, dona Olivia Penteado etc.).
O trajeto passa pelas fazendas Santa Veridiana, Santo Antonio e Morro Azul, no interior de São Paulo, e pelas cidades históricas de Minas. ``Tenho a impressão que, por essa viagem, vou descobrir fisicamente, através de um país que foi tão importante para ele, um Blaise Cendrars que só conheço teoricamente ou pelos livros", diz.

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